“Repetia tudo e não me arrependo de nada”, disse o ‘hacker’ português à saída do tribunal metropolitano de Budapeste, pouco depois de ter sabido que iria ser extraditado para Portugal, onde deverá ser presente às autoridades, no âmbito da investigação ao acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports'.

Rui Pinto, que estava em prisão domiciliária desde 18 de janeiro, recorreu da decisão de extradição, e, como esta tem efeitos suspensivos, vai aguardar a decisão na prisão.

“Vou passar umas noites a uma prisão húngara, interpusemos recurso e agora é aguardar”, afirmou, garantindo ter provas, que entregou às autoridades francesas, de que “a investigação foi feita de forma irregular”.

Rui Pinto, que vive na Hungria, lamentou o atual estado do futebol português: “Em Portugal não há cultura do desporto, há a cultura do clubismo. Temos magistrados e juízes que infelizmente levam a paixão clubística muito a sério, Portugal está podre”.

“Vejo outros países motivados em lutar contra a corrupção no futebol, em Portugal não vai acontecer nada”, afirmou, reiterando a ideia de que, apesar de ser adepto do FC Porto, as suas denúncias não visaram nenhum clube em especial.

“É bastante claro que isto não visa nenhum clube em específico, é internacional e abrangente, acho de muito mau gosto as acusações que fizeram a dizer que fui movido pelo FC Porto”, afirmou, acrescentando: “O ‘Football Leaks’ publicou documentos com atividades irregulares do FC Porto”.

O português afirmou que a sua defesa está a ser paga por “uma fundação americana que se dedica a ajudar ‘whistleblower’ (denunciantes)” e considerou que a “legislação europeia é incompleta” em relação a estas matérias.

O ‘hacker’ português negou a ideia de que terá enriquecido, com as denúncias: “Posso garantir que não enriqueci com o ‘Football Leaks’. Ajudo o meu pai num negócio de atividades e é assim que consigo subsistir”.

Rui Pinto terá acedido, em setembro de 2015, ao sistema informático da "Doyen Sports Investements Limited", com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas (SAD).

O 'hacker' é também suspeito de aceder ao email de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.

Rui Pinto está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.