João Paulo Correia abordou o caso durante uma audição em que esteve presente juntamente com ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e a secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Almeida Rodrigues, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Liberdades e Garantias e Comissão de Orçamento e Finanças, depois de questionado diretamente pela deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
Em agosto, os judocas olímpicos Telma Monteiro, Catarina Costa — que, entretanto, se demarcou -, Bárbara Timo, Rochele Nunes, Patrícia Sampaio e Anri Egutidze, mais Rodrigo Lopes, acusaram o presidente em funções, Jorge Fernandes, de discriminação e opressão.
Numa carta aberta, em que elencaram várias acusações, os judocas denunciaram o que dizem ser “um clima tóxico e insustentável”, além de apontarem atitudes discriminatórias.
João Paulo Correia referiu que foi aberto um inquérito à Federação Portuguesa de Judo (FPJ) e aos seus dirigentes para apurar se as acusações efetuadas pelo grupo de atletas correspondem à verdade.
“Algumas das acusações são graves e compete ao inquérito apurar se existem evidências ou não em relação a essas acusações. Será terminado no prazo máximo de três semanas e saberemos se as conclusões do inquérito apontam para a culpabilidade da federação. Algumas das acusações violam normas do Regime Jurídico das Federações Desportivas e algumas têm como consequência a perda de mandato dos respetivos dirigentes. Temos de aguardar o inquérito”, frisou.
Quando às questões financeiras, que também foram abordadas pelos atletas, João Paulo Correia lembrou que está a ser efetuada uma auditoria à federação e que é necessário esperar pelas suas conclusões.
“Quando se instalou a crise entre um conjunto de atletas do judo e a federação, o secretário de Estado tomou a iniciativa de intervir no processo, usando a mediação política da função que exerce. Esta crise existe porque existe uma rotura entre as duas partes. A reunião mediada por mim resultou num acordo entre a federação e o grupo de atletas”, afirmou João Paulo Correia.
O SEJD salientou que acordo tinha três pilares e que um deles era o pagamento ao quilómetro aos atletas que se deslocam para os estágios nacionais em Coimbra, referindo que “está a ser cumprido”.
Já sobre o facto de o grupo de atletas considerar que a federação de judo coloca um número de presenças mínimo nos estágios nacionais que consideram elevado, João Paulo Correia explicou que ficou acordado rever o modelo.
Na fase crítica no verão, também a selecionadora Ana Hormigo se solidarizou com os judocas que subscreveram a carta, um gesto à ‘revelia’ da FPJ, que, três meses depois, anunciou o seu afastamento.
A informação foi dada por Telma Monteiro, com a judoca a lamentar, uma vez mais, as atitudes da Federação, num comunicado a que se ‘juntaram’, com textos de apoio a Ana Hormigo e tristeza pela decisão, as judocas olímpicas Bárbara Timo e Rochele Nunes.
À Lusa, o presidente da FPJ esclareceu que Ana Hormigo não foi despedida, mas afastada de funções na seleção principal, depois de ter perdido a confiança na treinadora.
As novas acusações de Telma Monteiro aconteceram já após a Assembleia Geral da FPJ, em que Jorge Fernandes viu a maioria dos delegados aprovarem o orçamento e plano de atividades para 2023, num claro voto de confiança ao dirigente, apenas com um voto contra e seis abstenções entre os 52 delegados presentes.
O SEJD revelou depois que, entre a primeira carta aberta dos atletas e a nova informação que foi relevada depois por Telma Monteiro, recebeu dos atletas um documento em que diziam que o acordo definido entre as partes não estava a ser cumprido.
“Houve uma carta do grupo de atletas que me disse que o acordo não estava a ser cumprido. Promovi uma reunião com o presidente do Comité Olímpico de Portugal e o presidente da federação e verificámos que o acordo continuava a ser cumprido e dei, eu próprio, nota disso ao grupo de atletas”, explicou.
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