“Se não fosse esta prótese, provavelmente deixaria de ser atleta de alta competição”, afirma Telmo Pinão, citado num comunicado daquela instituição de ensino enviado à agência Lusa.

O atleta, que em junho se sagrou vice-campeão europeu de fundo em paraciclismo, na Áustria, vai participar na prova de pista, nos três mil metros de perseguição e no contrarrelógio de estrada.

“Como tenho confiança neste novo dispositivo, o meu objetivo é, no mínimo, trazer o diploma que me assegurará a ida ao Paris 2024”, salienta.

Segundo o ISEC, Telmo Pinão é um dos pioneiros do paraciclismo em Portugal. Foi amputado de parte da perna esquerda em 2002 e, em 2008, comprou uma bicicleta mesmo sem ter a certeza de que conseguiria pedalar.

“A sua dedicação e o gosto pela modalidade levaram-no depois a apostar no ciclismo”, refere o comunicado.

O presidente do ISEC realça a importância de colocar a engenharia ao serviço da sociedade: “Queremos demonstrar a mais-valia de interagir com a comunidade desportiva neste projeto em concreto, mas desejamos também estender mais parcerias a outros domínios, desportivos ou não”.

“Estamos a valorizar o ensino e a capacidade técnica de produzir componentes para uma atuação real. Estamos motivados para desenvolver soluções inovadoras com a indústria portuguesa e para colocá-las no mercado”, refere Mário Velindro.

Para os Jogos Paralímpicos, o ISEC desenvolveu e produziu nos seus laboratórios todos os componentes metálicos, em liga de alumínio de alta resistência, com a precisão a que este tipo de elementos obriga.

“Maquinámos algumas novas peças para a sua ida a Tóquio porque queríamos dar-lhe garantias pessoais e de equipamento de que nada iria falhar”, explica Pedro Ferreira, professor de Engenharia Mecânica.

Em Tóquio, Telmo “não terá de se preocupar com os dispositivos, que estão afinados, otimizados e enquadrados em termos de esforço”, afirma o docente.

A empresa RC Fibre Components, em articulação com o atleta e com a equipa de investigação, tem sido responsável pelo fabrico dos componentes em material compósito, “essenciais para garantir a leveza do dispositivo”.

“É, por isso, um trabalho em parceria”, enfatiza Luís Roseiro, docente e coordenador do Laboratório de Biomecânica Aplicada do ISEC, salientando que os alunos também se envolveram no processo e “adquiriram competências em contextos e situações reais”.