No fim de março, pouco depois da paralisação do futebol no Brasil, o Presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, afirmou que as negociações com o treinador português estavam a decorrer e que previa um final feliz no começo de Maio. Mas desde que JJ voltou para Portugal, para isolamento social, as conversas estão paradas.

De lá para cá, o cenário alterou-se bastante. Primeiro, as finanças do Flamengo vão ser fortemente afetadas. Mesmo sendo um clube rico e estável, atualmente, o impacto de jogar à porta fechada durante toda a temporada (possibilidade muito provável, com a crise do novo coronavírus) reduzirá bastante a receita esperada com bilheteira e quotas de sócios, responsáveis por quase um terço das previsões de faturação no último orçamento do clube.

Pelo que se sabe, os valores já eram o maior entrave para esta renovação. Jorge Jesus pretendia ganhar o equivalente ao que receberia num dos três grandes portugueses e o Flamengo pretendia pagar um pouco menos. A essa situação, somou-se outra prejudicial a esta conversa, com a desvalorização do Real perante o Euro, sendo que o Flamengo procurava fixar uma taxa cambial mais favorável na negociação. 

Por outro lado, o impacto que prejudica o clube brasileiro também será sentido nos clubes portugueses, mudando os parâmetros de mercado. Se já descartávamos a ida do treinador para um dos grandes europeus, o seu maior sonho, a disputa entre Brasil-Portugal é a única que resta neste futuro a curto prazo. Portanto, pode ser que a distância financeira da proposta do Flamengo — que não deve baixar — para o que deseja JJ, seja menor agora.

O calendário, ainda indefinido na Europa e no Brasil, também é uma variável nesta história. O fim do contrato do treinador com o clube, 20 de junho, foi escolhido para casar com o fim da época europeia e o período ideal para iniciar um novo trabalho no Velho Continente. Agora, provavelmente, nessa data ainda estarão a ser retomados os principais campeonatos pelo mundo.

Outro fator ainda que poderá influenciar a decisão de JJ será a qualidade de vida e segurança que terá no Rio para enfrentar a nova vida pós-Covid-19. Mas, apesar de o Rio de Janeiro ser um dos estados mais afetados no Brasil, com o dinheiro e estrutura que Jesus tem no Brasil, não passará por problemas de maior.

O Flamengo adota cautela e mostra-se otimista, desde sempre, para esta renovação. Mas entende que precisa de avançar na negociação para ter mais segurança, de que não ficará na mão em Junho e não precise de ir buscar à pressa um novo nome no mercado internacional.

Com as férias do plantel estendidas até 30 de Abril, JJ programa o seu regresso para o final do mês. Quando chegar, talvez não comece a treinar logo o seu elenco por medidas de segurança. Mas o seu agente já terá retomado as conversas e espera-se ansiosamente, no clube, um final feliz.