"O grande desafio do futebol português é capacitar os dirigentes, é dar ferramentas para poderem lidar com este fenómeno [match-fixing], dar mais conhecimentos, obrigar à boa governação, à transparência e evitar conflitos de interesses. É por aí o caminho", começou por dizer.
Numa conferência promovida pela Universidade Europeia, em Lisboa, em que se falou principalmente dos problemas e de como combater a viciação de resultados no futebol, Joaquim Evangelista criticou, por outro lado, os "agentes pouco pacificadores", lamentando que "se chegue de forma inaceitável e que valha tudo para além do desporto".
Mais concretamente sobre o combate ao ‘match-fixing', o presidente revelou que os profissionais da II Liga de futebol recebem em média 800 euros por mês e que são alvos fáceis por parte de quem procura viciar jogos.
"Os valores do desporto são postos em causa e vale tudo para obter receitas. No dia a dia sabem onde existem vulnerabilidades, os campeonatos mais frágeis e os jogadores que precisam. O nosso campeonato é um deles e deve-se ao incumprimento salarial. Entre o não receber e ter uma oferta concreta em dinheiro, fica fácil", declarou.
Relativamente a quem investe nas ligas e nos clubes portugueses, referindo-se a marcas de álcool e casas de apostas, também deixou um recado: "Economicamente o futebol precisa disso e tem benefícios, mas também há investidores que não são escrutinados".
Por fim, o antigo futebolista Nuno Gomes também marcou presença no evento, explicando que na sua altura o fenómeno funcionava de forma diferente e que nunca foi aliciado.
"Felizmente quando joguei este ‘boom' ainda não tinha rebentado. Os clubes por onde passei tinham os ordenados em dia. A realidade do futebol português é que [os jogadores] levam muito pouco dinheiro para casa, quanto menos ganham, mais vulneráveis estão e o investimento chinês está relacionado com isso", considerou.
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