O livro, lançado hoje pela Oficina do Livro, parte do grupo editorial Leya, “não é uma biografia nem oficial nem autorizada, porque essas não caem no âmbito do jornalismo”, explicou à agência Lusa o autor, que se estreia a título individual na escrita com uma obra que levou “dois meses em regime de trabalho intenso” a completar.
“Este livro não é uma obra literária, é uma reportagem grande. É um produto jornalístico e não literário”, referiu Tadeia, que se confessou um “leitor compulsivo de biografias” e realizou “mais de 50 entrevistas” para suportar o relato.
Com o “conhecimento” do selecionador nacional, campeão europeu no Euro2016, disputado em França, o texto atravessa todas as fases da vida de Santos, da carreira como jogador no Estoril Praia ou no Marítimo, passando pelo percurso como treinador em Portugal e Grécia, até à qualificação bem sucedida para o Mundial2018.
Para suportar a investigação, conversou com “pessoas que o conheceram na infância e adolescência até pessoas que com ele jogaram nos juniores do Benfica, no Estoril ou no Marítimo, e depois jogadores treinados por Fernando Santos ao longo da carreira”.
“Do Sonho à Vitória - Os segredos da liderança de Fernando Santos” é, assim, um “acumular de histórias”, até como forma de afastar “a ideia do Fernando sisudo, com ar de mal disposto, e destacar as muitas “histórias de companheirismo e de jogos de cartas”, do mais insólito a eventos que moldaram a personalidade do treinador.
“Não se encontra uma pessoa que diga mal dele. O Augusto Inácio, que foi seu colega de escola e mais tarde um rival, disse-me o seguinte: ‘de mim as pessoas podem não gostar ou gostar, mas do Fernando Santos, para não gostar, é preciso ser-se muito estúpido’”, revelou.
Em paralelo a um “percurso quase cronológico da vida do Fernando Santos” estão dois aspetos, a “questão da fé” e o “modelo de liderança”, sendo que o primeiro é “fundamental para explicar a pessoa”.
“Há histórias maravilhosas, sobretudo da importância do pai na definição da sua personalidade, e a relação que tem com ele, apesar de o pai ter morrido há mais de 20 anos”, contou.
Por outro lado, a liderança aplicada aos plantéis que orientou ao longo da carreira, do FC Porto pentacampeão à seleção grega e à portuguesa, entre muitos outros, pode ser espelhada “um pouco naquilo que é a figura do padrinho nas famílias portuguesas”.
Entre as principais influências no modelo que depois veio a aplicar nas equipas por onde passou, para além do pai, estão o inglês Jimmy Hagan, seu treinador na segunda passagem pelo Estoril Praia, no registo mais “austero e à antiga”, mas também António Medeiros, nos estorilistas e no Marítimo, um “companheirão”.
As “muitas histórias do balneário do Estoril” são um dos destaques, como a de “presidente e treinador, à frente do autocarro, a fazerem uma corrida, um contra o outro, na autoestrada”, antes de realçar a última grande influência, a de Mário Wilson, uma “espécie de segundo pai” na relação com os jogadores.
O lado mais pessoal e o retrato do caráter do treinador, bem como “os segredos da liderança”, saltam à vista na obra de Tadeia, que reforça ainda a ligação entre “a fé como parte da eficácia da sua liderança”, ainda que o livro vá mais além.
A biografia começa com um jogo do Benfica no Estádio da Luz, quando tinha apenas 50 dias, em 1954, e atravessa a infância, a carreira como jogador, o curso de Engenharia, e, mais tarde, o ingresso no Estrela da Amadora, clube no qual se estreou como treinador.
Notabilizou-se ao vencer o quinto campeonato consecutivo do FC Porto, em 1998/99, antes de passar por Sporting e Benfica e de se destacar também no futebol grego, com passagens por AEK ou PAOK.
Foi selecionador da Grécia entre 2010 e 2014, liderando a equipa no Euro2012 e no Mundial2014, antes de regressar a Portugal, dando à formação das ‘quinas’ o único título de séniores da sua história, o campeonato da Europa de 2016.
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