“Pelé nunca tomou posição sobre a problemática do racismo no Brasil. E por isso é alguém nada fez para que as coisas tivessem acontecido. Não o conheço, mas penso que ele transmite uma ideia de um certo egoísmo”, disse o campeão do mundo de 1998 e da Europa em 2000 pela seleção gaulesa.
Thuram não foi nada meigo com aquele que é considerado por muitos o melhor futebolista de todos os tempos: “Talvez Pelé não tenha essa grandeza de alma, porque, com a imagem que tem no mundo, deveria ter feito alguma coisa. Continuo convencido que será algo de que, no final da sua vida, se irá arrepender”.
Lilian Thuram, de 46 anos, criou em 2008 uma fundação contra o racismo e escreveu vários livros sobre o tema, tendo estado no Brasil em junho de 2016, onde se encontrou com crianças das favelas do Rio de Janeiro.
Já nessa ocasião criticou a falta de empenhamento de Pelé pela causa e explicou a razão pela qual o ‘rei’ do futebol não figura no seu livro “As minhas estrelas negras”.
“Refleti na altura sobre o assunto e decidi não o incluir no livro, por achar que, com a aura que ele tinha, deveria ter denunciado o racismo”, revelou Thuram.
Triplo campeão do mundo (1958, 1962 e 1970) e eleito desportista do século pelo Comité Internacional Olímpico em 1999, Pelé, de 77 anos, foi muitas vezes considerado como próximo do poder estabelecido, incluindo durante o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985.
Em 2013, durante as manifestações populares que reuniram milhões de brasileiros a exigir melhores serviços públicos, durante a disputa da Taça das Confederações, Pelé veio a público pedir aos seus compatriotas para “esquecerem as reivindicações e a confusão e apoiarem a seleção canarinha”.
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