Na manchete, o jornal escreve: “Lukaku and Smalling, antigos colegas de equipa no Manchester United e hoje em dia ídolos no Inter e no Roma. Esta é a batalha dentro da batalha de amanhã, com o ‘scudetto’ [campeonato italiano] e a Liga dos Campeões em jogo”.

A organização Fare, que desenvolve trabalho no sentido de lutar contra a discriminação no futebol em Itália, já veio condenar o jornal através de uma publicação no Twitter onde afirma que "a comunicação social alimenta o racismo todos os dias”.

Também o AS Roma, onde joga Chris Smalling, expressou a sua indignação hoje na sua conta oficial do Twitter (versão em inglês): “Ninguém. Absolutamente ninguém. Nem uma só pessoa”.

Os dois jogadores chegaram em setembro à liga italiana e têm estado em bom plano. Lukaku, internacional belga, marcou 10 golos em 14 jogos a contar para o campeonato, ajudando o Inter de Milão a chegar ao topo da Serie A - à frente da Juventus de Ronaldo. Por seu turno, o inglês Smalling tem sido um esteio e uma opção fulcral no onze romano do treinador português Paulo Fonseca, tendo marcado dois golos e feito uma assistência em 10 jogos para o campeonato.

A liga italiana de futebol tem sido palco de inúmeros casos de racismo.

Lukaku já tinha estado no centro de um caso polémico no futebol italiano. Em setembro, um jornalista foi demitido depois de ter proferido comentários considerados racistas sobre o jogador. Luciano Passirani falava num programa de televisão sobre Lukaku quando afirmou que “a única maneira de o parar é dar-lhe 10 bananas para comer”, lembra o The Guardian.

Também Balotelli, jogador do Brescia, tem sido alvo de insultos racistas nalguns jogos. No início de novembro, por exemplo, a partida frente ao Verona foi interrompida durante vários minutos e o avançado chegou a ameaçar abandonar o campo depois de ter sido insultado pela claque do Verona.

O caso levou o Verona a proibir Luca Castellini, líder do grupo de adeptos radicais do clube, de entrar no estádio do clube até 2030 após ter afirmado que o futebolista Mario Balotelli não era “totalmente italiano".

O próprio presidente do Brescia, Massimo Cellino, acabou por usar palavras que se tornaram controversas sobre o futebolista. “O que se passa com Balotelli? Passa-se que ele é negro, o que é que vos posso dizer? Ele trabalha para ficar mais branco, mas tem muitas dificuldades”, disse o presidente do clube, aparentemente em tom de brincadeira, à margem de uma reunião da Liga italiana.

O Brescia emitiu um comunicado a explicar que se tratou “evidentemente de uma brincadeira, manifestamente mal interpretada”, acrescentando que Cellino tentou “minimizar a excessiva cobertura mediática e proteger o jogador”.

(Notícia atualizada às 12h03)