“Não vivemos em sistema presidencialista, portanto, o Presidente só pode sair em visita oficial com autorização da Assembleia. Pedi por escrito, como se pede sempre, para que manifestasse a sua autorização à minha deslocação ao Qatar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem do 33º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que decorreu em Fátima, no concelho de Ourém.
O chefe de Estado anunciou ainda que na agenda da sua deslocação tem previsto “passar pelo Egito” para se encontrar com o presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. “Estou à espera da confirmação desse encontro”, disse.
A coordenadora do Bloco de Esquerda apelou ao Presidente da República para não ir ao Qatar, lembrando que “não se pode esquecer” as condições dos trabalhadores que montaram as estruturas do evento.
Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que existe “uma resolução do Bloco de Esquerda contrária à ida” e normalmente “vota-se uma resolução favorável à ida”.
“Espero para saber qual é a posição dos vários partidos e a posição global do Parlamento nesta matéria”, disse, lembrando que “tradicionalmente” deslocam-se aos campeonatos de futebol “o senhor presidente da Assembleia da República e com o senhor primeiro-ministro” e o Presidente da República em “jogos diferentes”.
“É uma ida dos vários órgãos do poder político do Estado para não haver duas políticas diferentes.”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse, na quinta-feira, que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, a três dias do arranque do Mundial2022 de futebol, mas vai assistir ao Portugal-Gana, em 24 de novembro.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse hoje Marcelo Rebelo de Sousa, na zona de entrevistas rápidas no Estádio José Alvalade.
O Presidente da República falava após a vitória de Portugal sobre a Nigéria, por 4-0, no último particular antes da partida para o Qatar, na sexta-feira, para disputar o Campeonato do Mundo.
Rebelo de Sousa explicou aos jogadores que este será “um campeonato muito difícil”, não só por uma inédita calendarização no inverno europeu, como pelas “condições muito difíceis, da construção dos estádios aos direitos humanos”.
Hoje, a associação Frente Cívica pediu ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, António Costa, e ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que boicotem o evento.
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