“Este tipo de tragédias começa a acontecer mais cedo do que esperávamos. O [suíço] Jason [Dupasquier, falecido numa corrida de Moto3] , o [espanhol] Hugo [Millán] e o Dean [Viñales]. Não tenho respostas para perceber como isto acontece. Estamos a correr num desporto perigoso e todos os envolvidos devem ter essa noção. Quais os custos de perseguir um sonho? Não acredito que seja uma vida”, disse o piloto português, em Austin, nos Estados Unidos.

Na conferência de imprensa de antevisão do Grande Prémio das Américas, 15.ª prova do Mundial de MotoGP, Miguel Oliveira disse ser necessário “avaliar” o que rodeia os pilotos e “o risco” que correm a cada momento.

O espanhol Dean Viñales, primo do piloto de MotoGP Maverick Viñales, morreu no sábado na sequência de um acidente do Mundial de Supersport300, em Jerez de la Frontera, em Espanha, naquela que foi a terceira morte ocorrida este ano em provas de motociclismo.

Miguel Oliveira, que lembrou ter crescido nas corridas, defendeu que estes acidentes devem levar à reflexão sobre o que melhorar, a exemplo do que ocorreu no automobilismo.

“Quando acontece uma tragédia destas temos de pensar no que podemos fazer para melhorar. Temos visto, por exemplo, grandes melhorias a esse nível na Fórmula 1”, realçou o piloto natural de Almada, reconhecendo que, no motociclismo, “é difícil controlar a envolvência”.

Mesmo assim, Oliveira disse confiar “na FIM [Federação Internacional de Motociclismo] e na Dorna [empresa promotora do Mundial de MotoGP]”. “São duas entidades capazes e é no seu melhor interesse assegurar a segurança dos seus pilotos e a imagem da competição. Estamos em boas mãos”, frisou, depois das críticas deixadas pelo seu pai, Paulo Oliveira, nas redes sociais, no passado sábado, às duas instituições.

Sobre a corrida deste fim de semana, Miguel Oliveira, que ocupa o 10.º lugar no campeonato, com 87 pontos, assumiu-se confiante em regressar aos bons resultados, considerando que “o teste em Misano [São Marino, na semana passada] foi bom” e consistiu “uma boa base para começar aqui”, em Austin.

“Foi um passo na direção certa. Acredito que em Misano encontrámos um ‘feeling’ diferente com a mota que espero manter aqui. Normalmente os testes são sempre produtivos e, de facto, encontrámos ali qualquer coisa, com chances de fazer algo interessante”, concluiu.