O Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, vai acolher pela segunda vez este ano uma corrida do Mundial de motociclismo de velocidade e o Dom Pedro Victoria Golf Course, em Vilamoura, a 15.ª edição do Portugal Mastes, a única prova lusa do European Tour de golfe.

Em declarações à agência Lusa, João Fernandes destacou a importância dos grandes eventos desportivos para a promoção da região e para a atividade turística em época baixa.

“O MotoGP, segundo dados da Dorna [a organização da prova], tem um impacto mediático enorme. Só através da televisão, chega a 428 milhões de casas. Depois, ao nível de sites, aplicações e redes sociais, tem 48 milhões de seguidores/subscritores”, quantificou o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA).

João Fernandes salientou também o facto de o Grande Prémio do Algarve de MotoGP já poder contar com público nas bancadas, depois de levantadas as restrições impostas devido à pandemia de covid-19 e que impediam o acesso de espetadores ao AIA, na primeira prova deste ano, em 18 de abril, e no ano passado, frisando que isso beneficia as unidades de alojamento da região.

“Estamos a contar ter à volta de 60.000 espetadores, o que nos permitirá ter entre 90.000 a 120.000 dormidas na região, em plena época baixa”, estimou, cifrando também um impacto económico na região de cerca de 40 milhões de euros, “considerando o consumo direto, os gastos com fornecedores locais e o impacto indireto”.

João Fernandes referiu que este Grande Prémio conta também com “o especial interesse de ver o [piloto português] Miguel Oliveira [da KTM], finalmente, ao vivo, com público, em Portugal” e de ser “a última oportunidade para ver o italiano Valentino Rossi” competir, depois de sete vezes campeão do mundo ter anunciado o fim da carreira.

O presidente da RTA frisou ainda que a prova portuguesa em Portimão, que mereceu a “distinção de melhor organização do ano anterior”, realiza-se no momento em que a região está a “retomar uma procura externa”.

“Neste período acontece também o Portugal Masters, em Vilamoura, e, portanto, temos aqui grandes eventos a gerar uma procura adicional para a região num período de época baixa”, havendo unidades hoteleiras “que programaram a extensão da sua atividade até à conclusão” destes dois eventos.

Também o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considerou que os grandes eventos desportivos “são uma mais-valia na promoção turística da região, devido à sua cobertura mediática internacional, mais importante que a promoção tradicional”.

“Estas provas que geram importantes fluxos turísticos para a região, sobretudo nos períodos de menor procura. Têm uma cobertura mediática que se traduz num impacto mais eficaz e direto junto dos mercados emissores de turistas do que a promoção tradicional”, referiu Elidérico Viegas.

Para o dirigente da maior associação de hoteleiros do Algarve, as provas dos Mundiais de MotoGP, Formula1 ou o do circuito europeu de golfe “deviam de ser asseguradas com regularidade para o Algarve, durante um determinado número de anos, para que fossem institucionalizadas nos calendários europeus e mundiais”.

Assim, estes eventos poderiam “fazer parte da oferta da região”, tornando-se num “fator anual de atratividade e da oferta do turismo do Algarve”, considerou aquele dirigente, argumentando que este tipo de provas não devem “ser feitas de forma desgarrada, mas sim, com regularidade”.

Segundo Elidérico Viegas, ainda “não é possível quantificar com exatidão o impacto que os eventos anteriores tiveram no turismo algarvio, dado terem ocorrido num período de grandes restrições de público” devido à pandemia da covid-19.

“Sabemos que estas provas são geradoras de fluxos turísticos importantes, não apenas de Espanha, como de outros países, mas os eventos já realizados não se refletiram na ocupação do Algarve por terem sido realizados num período com limitação de espetadores”, sublinhou.

O dirigente da AHETA perspetiva que a 17.ª e penúltima etapa do Mundial de MotoGP, entre sexta-feira e domingo, “já sem a limitação de espetadores, possa atrair muitas pessoas de vários países, com reflexos substanciais na ocupação dos hotéis e empreendimentos turísticos que estão na área de influência do autódromo, designadamente nas zonas de Portimão, Alvor e de Lagos”.

“A não limitação de público é uma boa notícia não só para os organizadores da prova de MotoGP, que veem aumentar as receitas, como também para a economia da região, nomeadamente, por se realizar num período de menor procura turística”, concluiu.