Curling, do inglês girar (to curl). Desporto que nasceu no século XVI nos lagos gelados da Escócia pela mão de monges e que reúne, hoje em dia, grande popularidade no norte e centro da Europa, na América do Norte e Ásia e é praticado em cerca de 50 países.

Em Portugal, pouco ou nada diz a grande parte dos aficionados do desporto, no sentido lato, apesar de integrado na Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) e de um lusodescendente, Daniel Rafael, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang 2018, como selecionador russo, ser o principal impulsionador da sua introdução em território nacional.

Modalidade olímpica desde 1924 (em Chamonix, França) e declarada como oficial desde 1998 (JO de Inverno de Nagano) é, para leigos na matéria, como uma espécie de jogo do “Malha” ou um derivado da Petanca. Mas só que em vez de uma “malha” ou da bola atirada com objetivo de atingir o pino ou ficar mais perto de uma pequena esfera, o jogo, jogado numa pista de gelo, consiste em fazer deslizar uma pedra de granito (com o máximo de 20kg) até um centro.

Jogado entre duas equipas, a pares, em que cada um dos jogadores se apresenta vestido ora com licra justa ao corpo (a olhar para a aerodinâmica) ou calças prontas a “fazer a moda”, o duelo é ganho pela que conseguir colocar mais “pedras” mais próximas desse centro (imagine o minúsculo circulo no jogo das setas), conquistando, dessa forma mais pontos. Cada partida é jogada em 10 ends (semelhante ao set, em ténis).

O lançador apela à sua flexibilidade e quase cola a cara ao gelo na hora de lançar. Para ajudá-lo a ser feliz no caminho das pedras, em cada equipa há um “varredor”. Com auxilio de uma vassoura, o outro elemento que completa o par tem a função de limpar as impurezas do gelo, gesto que provoca a aceleração do movimento da pedra e ajusta a trajetória da mesma. Uma ida do ponto A ao ponto B, feito com a pedra a girar, parece desafiar as leis da Física.

Também conhecida como o “Xadrez sobre o gelo” ou o “Jogo do rugido”, tal o barulho proporcionado pelo deslizar da pedra no gelo a que se soma o zumbido das vassouradas é, assim, uma modalidade que reúne habilidade, precisão e estratégia e na qual vale dar um “chega para lá” às pedras adversárias.

Curling regressa a casa: Canadá, 35 vezes campeão, realiza o seu 25º mundial

Se do futebol se diz que a Inglaterra é o berço da bola redonda, o Curling regressa a casa com a realização do Mundial Masculino. A cidade de Lethbridge, Alberta, no Canadá, acolhe a competição de 30 de março a 7 de abril (transmissão no Eurosport).

O evento reúne 13 países. Para além do Canadá, as seleções da China, Alemanha, Japão, Itália, Holanda, Noruega, Rússia, Escócia, Coreia do Sul, Suécia, EUA e Suíça lutam pelas medalhas.

No ano passado, em Las Vegas (EUA) a seleção canadiana, de Brad Gushue, deixou escapar o “tri” ao perder na final contra a Suécia, de Niklas Edin, por 3-7.

Ainda assim, o Canadá é a nação com maior número de Mundiais. 35 troféus conquistados desde 1956, sendo que por 25 ocasiões a competição realizou-se em solo canadiano.

Bastante popular no país, como nota de curiosidade, em 1912, o Mayflower Curling Club, em Halifax, serviu de morgue temporária para os corpos recuperados do naufrágio do Titanic.

As pedras que nascem numa ilha onde vivem pássaros

Estima-se que existam 1.5 milhões de praticantes de curling. Para praticar este desporto são necessárias pedras de granito, um granito especial e raro. Tão raro que somente dois locais no mundo extraem o material: uma ilha vulcânica na Escócia - Ailsa Craig – a meio caminho entre Belfast (Irland do Norte) e Glasgow (Escócia), outrora prisão, hoje desabitada e santuário de pássaros, e em Trefor Granite Quarry, na costa norte do País de Gales.

A maioria das pedras têm o selo da Kays, empresa escocesa, que tem o exclusivo das que são utilizadas nas competições que decorrem sob a égide da Federação Internacional de Curling.

São dois os tipos de granito: Blue Hone e o Alisa Craig Common Green. Quanto a preços, podem atingir os 500 euros. Um preço para uma peça que pode durar até 30 anos.