“Um pouco por todo o lado, as provas estão a ser canceladas, não há competição, e a principal preocupação é manter os atletas na melhor forma possível, com a melhor composição corporal possível. Para isso, é fundamental que não percam muita massa muscular, pois é muito mais difícil recuperar massa muscular perdida do que massa gorda ganha”, explica o nutricionista em entrevista à agência Lusa.
A acompanhar vários atletas profissionais e amadores, o nutricionista explica que as recomendações que deu passam por “manter a ingestão de proteína e suplementos que estavam a fazer”, acrescentando que pode ser “interessante” introduzir outra suplementação que ajude a que o sistema imunitário não se deteriore, dando como exemplo a vitamina D, “já que vamos ter menos exposição ao sol”, e o ómega 3, “visto que nos próximos tempos pode vir a ser mais difícil consumir peixe fresco”.
Ainda sobre a gestão do plano alimentar dos atletas, Pedro Carvalho avança que muitos clubes estão a fazer chegar aos seus atletas as refeições já prontas.
“Sei que muitos clubes têm tido essa preocupação, além de fazerem o reajuste dos planos alimentares, estabelecendo eles próprios um plano de distribuição alimentar para que não falte nada aos atletas. Claro que esta é a realidade do futebol, noutras modalidades será outra”, adverte.
Numa situação que é nova para todos, o nutricionista vê algumas ‘vantagens’ na quarentena que muitos atletas estão a cumprir, mas alerta para os ‘perigos’ da estadia prolongada em casa.
“Ao ficar em casa, estando proibido todo o convívio social, estão eliminados os excessos calóricos de jantaradas e outros programas. Contudo, em sentido contrário, ao passarem mais tempo em casa, a ver televisão e a jogar consola, há maior tendência para comer mais e fazer escolhas menos saudáveis. Por isso, uma das primeiras coisas que fiz foi elaborar uma lista de alimentos que podem ‘picar’ e que, sendo baixos em calorias, não trarão grandes ganhos de peso”, explica.
A terminar, e embora ressalvando que já não é a sua área de competência, Pedro Carvalho considera que a nutrição acaba por ser a variável mais fácil de controlar e que é no campo psicológico que poderão ser acumulados os maiores danos.
“Nesta fase ainda estão todos motivados, mas se esta situação se prolongar por muito mais tempo, sem perspetiva de competições, do ponto de vista psicológico pode ser difícil manter a motivação dos atletas para treinar em casa, sozinhos, sem um objetivo competitivo adiante. Mas para isso não há solução, por agora. Estamos todos a viver um dia de cada vez”, termina o especialista.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 18.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas.
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