Santos

Começamos, portanto, por ele. Recém-chegado ao futebol brasileiro, mas com um currículo extenso. Com apenas 12 dias de preparação antes do primeiro jogo e um empate sem golos contra o Red Bull Bragantino, Jesualdo venceu pela primeira vez nesta última segunda-feira (2-1 contra o Guarani).

Entretanto, já ficou claro que o português terá dificuldades em conviver com as comparações com Jorge Sampaoli, que fez um grande trabalho levando este Santos ao vice-campeonato nacional no ano passado. Após a vitória de ontem, Jesualdo irritou-se com a imprensa:

Eu tenho dois jogos. Não sei o que vai acontecer. Meu time não vai ser igual, os jogadores não são os mesmos. Eu vou preparar a minha equipe. A equipe vai jogar no nível de alguns jogos do ano passado, mas em outras terá mais dificuldades, como todas as equipes – disse Jesualdo, que completou: – Como você quer jogar com intensidade em dois jogos? Só se joga de maneira intensa quando tem capacidade para jogar com intensidade. Você não me conhece há um ano, só há quinze dias.

Não será fácil repetir Sampaoli. Primeiro, por que o plantel é fraco. Jesualdo começa a época sem grandes reforços e ainda perdeu Gustavo Henrique e Jorge, dois titulares absolutos do ano passado. Se continuar a sofrer com lesões, como a que afastará Marinho por mais de um mês, ficará ainda mais difícil. E, para piorar, a situação financeira do clube não permite grandes investimentos.

Por fim, vai ter que conviver com a sombra do 2019 de Sampaoli, que apesar de não ter ganhado títulos, foi muito bem visto pelos torcedores e jornalistas. O Santos praticou um futebol intenso e o treinador conseguiu potenciar jogadores medianos que fizeram as melhores épocas das suas carreiras. É pouco provável que isso se repita.

Entretanto, Jesualdo tem muita experiência para gerir o balneário e parece contar com uma boa relação com o presidente José Carlos Peres, algo que o seu antecessor não conseguiu. Os primeiros sinais ainda mostram um Santos muito lento e sem convencer, mas o Paulistão pode ser o torneio certo para mostrar ao treinador os pontos a melhorar deste plantel a tempo de fazer um bom papel no Campeonato Brasileiro.

Palmeiras

Outro treinador experiente que começa o ano num dos grandes de São Paulo é Luxemburgo, que retorna ao Palmeiras para mais uma oportunidade. Luxemburgo fez um bom trabalho no Vasco, no ano passado, mas não ganha títulos nacionais desde 2004. Declarado como ultrapassado pelos media, Luxemburgo procura renascer e começa a época com bons sinais.

Como já fez no passado com Rincón, Alex e outros jogadores que passaram a brilhar após Luxa alterar suas posições em campo, o “Professor” tenta transformar Felipe Melo em defesa central e tenta resgatar o bom futebol de Lucas Lima no meio-campo. Ramires, experiente internacional brasileiro, é outro que parece estar a voltar à velha forma.

Luxemburgo começa a época com o título do torneio da Florida Cup e quatro pontos nos primeiros jogos do estadual, incluindo um 0-0 com o São Paulo. Precisa, a longo prazo, mostrar que tem conceitos modernos de intensidade e capacidade ofensiva para encantar e voltar à ribalta dos treinadores de topo no Brasil.

Corinthians

Apesar das dívidas, o Corinthians investiu no começo de ano em duas grandes contratações: Tiago Nunes e Luan. A primeira delas, e talvez a mais importante, é o treinador Tiago Nunes, campeão da Copa do Brasil com o Athletico Paranaense e um dos destaques de 2019.

O treinador tem o desafio de mudar a cultura de priorizar a defesa do seu antecessor Fabio Carrile e dos últimos treinadores vitoriosos no alvinegro, como Tite e Mano Menezes. O Corinthians sonha com um jogo mais vistoso e é isso que o treinador promete entregar. Para isso, fez algumas mudanças no elenco, desfazendo-se de jogadores experientes como Jadson e Ralf. Cantillo, médio colombiano, e Luan, antigo melhor jogador da América em 2017, quando foi campeão com o Grêmio.

Em campo, o Corinthians deu sinais de otimismo para o torcedor com bons momentos em todos os jogos, desde a pré época na Florida. Mas, ainda, oscila demasiado e ainda não consegue fazer durante o jogo tudo o que o treinador pede. Ainda é cedo, mas pode ser uma boa surpresa para 2020.

São Paulo

O único dos emblemas referidos a manter o treinador (e praticamente todo o plantel) de 2019 e, exatamente por isso, o que começa o ano mais pressionado. O São Paulo vive uma seca de títulos desde 2012 e a impaciência dos torcedores faz com que o estadual seja já um risco no ano do tricolor paulista.

O São Paulo de Daniel Alves e Fernando Diniz precisa de resultados e de melhores performances rapidamente. Começa o ano sem empolgar, mas também sem perder. No último domingo, empatou a zeros com o Palmeiras, num jogo de alto risco. Uma derrota retumbante poderia ser o início de uma nova crise cedo no ano.

Diniz terá tempo para preparar o time e será cobrado para que a sua proposta de jogo, baseada na posse de bola, seja mais efetiva. Não terá reforços no plantel e perderá jogadores, mas tem bons jogadores para recuperar no grupo, como Pato, Everton, Hernanes e muitos jovens talentos da formação.

O grande desafio será o grupo difícil na Libertadores (River, LDU e Binacional) e a pressão acumulada pelos anos de fracasso. Um título paulista e bons jogos podem, entretanto, criar uma aura de confiança e empolgação que permitirão sonhos maiores. Hoje, uma nova crise está por um fio.

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