Tudo começou por uma ideia. “Em 2005 estive envolvido na vinda de uma frota de carros elétricos italianos”, avançou António Gonçalves Pereira. Depois foram 10 anos a bater às portas das empresas e "ninguém queria saber”.
“Desde que as gasolineiras começaram a ver que era inexorável, deixaram de bloquear e passaram a investidores, tudo o resto avançou, a pesquisa e as mentalidades”, sublinhou o responsável e mentor da Ecokart, uma plataforma que procura promover a mobilidade sustentável e os desportos motorizados não poluentes, no caso concreto de karts.
O mote é aliar a paixão pelo desporto às preocupações ambientais – desenvolvimento de um veiculo elétrico, não poluente. “Estamos durante a semana preocupados com as questões da sustentabilidade e do ambiente. Depois, ao fim de semana, poluímos para brincar. Há alternativas e já temos alguma vergonha”, frisou.
Ao volante de um Ecokart twim, numa ação de sensibilização que decorreu na Doca de Alcântara, em Lisboa, Gonçalves Pereira explicou que o kart de dois lugares nasceu de um “protocolo entre o Politécnico de Leiria e o Euroindy (kartódromo na Batalha e também construtores de karts) sob a alçada da Ecokart Portugal”.
Anda em roadshow pelo país, nas universidades e em eventos. “Já se sentaram três mil pessoas” em mais de 20 ações, algumas das quais de cariz de responsabilidade social, número esse que duplicará até ao final do ano com os 24 eventos de sensibilização que se realizarão em associação com a seguradora ok! Teleseguros.
Karts e baterias made in Portugal. Kartódromo com energias limpas
Sensibilização à parte, a Ecokart Portugal está a desenvolver os karts de nova geração.
“Estamos a desenvolver a primeira frota ibérica de karts elétricos com o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL)” e, para além disso, “queremos construir o primeiro kartódromo ecológico em Portugal”, adiantou. Para estes próximos passos é necessário funding”, frisou.
“Até ao final do ano teremos o primeiro protótipo desenvolvido in house”, acrescentou Paulo almeida, engenheiro eletrónico do ISEL. Nele estão envolvidos cerca de 40 engenheiros e alunos.
Esta não é a primeira experiência do ISEL no desenvolvimento de carros elétricos, tendo estado ligado ao Veeco, o primeiro elétrico português que deverá ser comercializado no último trimestre do ano. A investigação tem sido uma constante. Assim como a inovação.
“As baterias que usávamos há três meses não são as mesmas de agora”, revelou António Gonçalves Pereira. E sobre as baterias explicou que as que são utilizadas são “removíeis”, o que constitui uma novidade.
Para além da inteligência universitária, portuguesa, há recurso à “reutilização e reciclagem de materiais de outros karts de motor de combustão”. E na reutilização e transformação de outros motores para elétricos prometem ir mais longe e alargar a todos os veículos.
Em relação às energias limpas, “estamos a estudar e a desenvolver a autossustentabilidade de um kartódromo elétrico onde iremos captar a energia com um sistema integrado utilizando a energia solar, eólica e biomassa”, acrescentou.
Olhando para a descrição – desenvolvimento de baterias e veículo elétrico – salta à vista algumas parecenças, com as devidas comparações, com o projeto Tesla e com Elon Musk, seu mentor. António Gonçalves Pereira, ri-se.
Recorda que em 2015 “quem estava ligado ao desporto acusávamo-nos de queremos matar o desporto. Agora percebem que queremos salvá-lo antes que possamos vir a ser proibidos de praticar”.
Acrescenta que para além do elétrico ser “mais giro”, é também mais abrangente. “A maior parte das mulheres não acha piada ao barulho e ao cheiro a gasolina. Assim alargamos o público-alvo”, finalizou.
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