Após doze jornadas, temos novo líder na Premier League. Depois de um início avassalador do Manchester City, que assegurou a liderança durante nove jornadas consecutivas, e da excelente campanha do Liverpool, que lhe valeu o primeiro lugar após excelentes exibições, agora é a vez do Chelsea se ‘chegar à frente’. Os Blues, liderados por Antonio Conte são o quarto clube a estar no lugar de topo esta época, se contarmos com o Manchester United, líder após a jornada inaugural.
Como Conte revolucionou os Blues
Marcos Alonso, Victor Moses e Eden Hazard são as chaves-mestra do novo sistema do clube londrino. Desde a chegada do espanhol Alonso ao onze de Antonio Conte que a estratégia do Italiano passa por deixar três homens mais recuados, todos de natureza central, e jogar em superioridade numérica no meio campo. E é aqui que Alonso e Moses entram em ação. O espanhol e o nigeriano percebem perfeitamente que a sua cumplicidade, apesar de jogarem em lados opostos do campo, é fundamental para o equilíbrio tático da equipa. Com uma disponibilidade física acima da média, Conte sabe que pode contar com intensidade defensiva e ofensiva constante (tanto na direita como na esquerda), que permite à equipa não só sair a jogar com facilidade, como também evitar problemas defensivos de maior quando perde a bola.
Com a maioria dos problemas defensivos postos de parte, como consegue então o Chelsea marcar tantos golos? Sim, porque nos mesmos últimos seis jogos em que não concedeu nenhum golo, o Chelsea marcou, nada mais nada menos que, dezassete golos.
Eden Hazard, o renascido
Após 356 dias sem um único golo na Premier League, Eden Hazard está de volta ao seu melhor nível. Com sete golos e uma assistência o belga tem sido a chave ofensiva que os Blues não tiveram durante as primeiras seis jornadas. De facto, é possível afirmar que foi a rentabilização de Eden Hazard que levou Conte a mudar todo o seu sistema. Com a disponibilidade técnica, física e mental de Alonso e Moses para defender e atacar, o italiano arranjou forma de deixar Hazard mais preocupado em atacar do que em defender. O belga é o jogador do Chelsea com a média de posse de bola ‘mais avançada’ no terreno, isto é, em média, tendo em conta todas as vezes em que toca na bola, Hazard é o jogador que o faz numa zona mais avançada no terreno, em relação aos seus companheiros de equipa. E a verdade é que a libertação tática e disponibilidade ofensiva do médio atacante de 25 anos tem dado frutos, quer a nível individual, quer a nível coletivo. O Chelsea está mais solto e ataca sem pensar tanto nas consequências da perda de bola, já que a confiança nos homens que seguram o meio campo é total. Assim como Sanchez no Arsenal, que tem liberdade total e acaba por ser o homem mais avançado no terreno, também Hazard tem um papel muito diferente do da época passada.
Com Alonso, Moses e Hazard a serem as peças de maior impacto no sistema da equipa, cumpre também deixar uma nota para Diego Costa. Ter um ponta de lança a precisar de ‘meia oportunidade’ para marcar é importantíssimo para uma equipa com aspirações aos lugares cimeiros. O brasileiro naturalizado espanhol, que também já passou pelo futebol português, continua a provar que é um jogador de topo e com dez golos marcados lidera a tabela dos melhores marcadores da liga, deixando Sergio Aguero no segundo lugar com oito tentos apontados.
Cultura de vitória
Após mais de uma década de sucessos mais ou menos constantes, o Chelsea é hoje uma equipa com cultura de vitória. Mais do que ‘este’ ou ‘aquele’ jogador, a verdade é que com um espírito de equipa forte e um treinador que faz do trabalho árduo a sua filosofia de jogo, estes Blues estão a consolidar, a cada jornada que passa, a sua candidatura ao título.
A juntar a isto temos um Liverpool em excelente forma, um Tottenham extremamente consistente, um Manchester City a poder explodir e aniquilar tudo e todos a qualquer momento, um Arsenal que parece querer brincar aos lugares cimeiros e ainda um United que, apesar do começo menos bom, tem ainda todas as suas aspirações intactas, esta está a ser uma época de sonho no que à competitividade na luta pelo título da Premier League diz respeito.
Sábado, às 17h30, o Chelsea recebe o Tottenham de Mauricio Pochettino. Para além do facto de ser um derby londrino, poderá ser interessante apreciar o novo e entusiasmante Eden Hazard e a forma como ele explora as zonas mais avançadas do terreno sem restrições. Logo depois (3 de Dezembro), os Blues visitam o Manchester City e será muito interessante ver como reage a equipa de Conte, agora que tem a pressão acumulada de ser o primeiro classificado, ainda que fisicamente, é bom lembrar, o Chelsea este ano, tal como o Liverpool, não tem a sobrecarga das competições europeias - outra razão que parece ajudar a sua séria candidatura ao título.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra e tendo passado por clubes como o MK Dons e o Luton Town, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO24.
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