As ocorrências dos últimos dias devem motivar uma reflexão desportiva e ética. O Sporting de Braga foi surpreendido com um movimento de um clube seu concorrente, curiosamente o que nos persegue na tabela, e que, à luz dos regulamentos e dos contratos, conseguiu assegurar o nosso treinador", disse durante a apresentação do novo treinador, Custódio Castro.

Por isso, Salvador disse "perceber quem argumenta que situações destas podem desvirtuar as competições" e lembrou o exemplo da Liga espanhola "onde esta contratação não seria possível", defendendo "um debate alargado em prol do futebol português" sobre este tema.

"Num momento como este, o Sporting de Braga nunca poderia negociar, nem ceder, mas cabe às leis e regulamentos garantir um futebol acima de qualquer questão moral e ética", disse.

António Salvador historiou o processo, recordando que o Sporting o contactou "há pouco mais de uma semana, no regresso de Glasgow", onde o Braga defrontou o Rangers para a Liga Europa (derrota por 3-2).

"O Frederico Varandas pediu-me uma reunião, não sabia para o que era, e fui surpreendido quando me disse que queria entrar em acordo pelo Rúben Amorim. Avançou com determinada verba, mais dois jogadores e uma percentagem do passe do Palhinha, mas o Braga não queria negociar o treinador e como tal a reunião terminou", contou.

Como "as notícias" se foram adensando nesse sentido, propôs a Rúben Amorim renovar por mais uma temporada e rever as condições salariais, tendo feito notar ao técnico que, se quisesse sair, o Sporting teria que pagar a cláusula de rescisão.

"O Rúben Amorim foi muito correto, disse que percebia [a posição do Braga] e que, se não fosse para o Sporting, ficaria com muito gosto em Braga", disse, frisando também a correção do clube ‘leonino'.

O líder ‘arsenalista' admitiu o "timing inesperado" da apresentação do novo treinador, "o quarto da época", lembrando que foi Abel Ferreira quem começou a temporada, tendo-lhe seguido Ricardo Sá Pinto e Rúben Amorim, e confessou sentir-se "frustrado" por ver mais uma vez interrompido o trabalho de um treinador que lançou.

"Claro que é uma frustração: todos os anos ter que fazer equipas, suceder treinadores, fazer treinadores, preparar treinadores para a concorrência e para grandes clubes europeus, mas por outro lado também é gratificante para o nosso clube e para quem trabalha aqui no dia a dia. Mas custa, e muito, porque só nós sabemos o que passamos para que tudo isso seja colmatado sem que haja problemas, maus resultados ou desestabilização", acrescentou, emocionado.

António Salvador destacou o "conhecimento profundo" de Custódio do que é o Sporting de Braga e da sua filosofia desde que foi criada a cidade desportiva.

"O Custódio é da família, um dos nossos, este é um dia marcante para ele e para todos nós. É o líder certo para continuar a conduzir este excelente grupo de jogadores, vamos alcançar grandes feitos, maiores dos que temos conquistado", disse.

Custódio, que assinou um contrato por duas épocas e meia, com uma cláusula de rescisão de 15 milhões de euros, tem apenas o nível I de treinador de futebol.

O presidente dos ‘arsenalistas' frisou que o técnico será "certamente julgado pelos resultados, mas não pelas suas aptidões e competências", acusando os responsáveis do futebol português de impedirem o treinador de melhorar a sua formação.

"Tentou inscrever-se em junho do ano passado para tirar o nível II e III e não aceitaram porque tinha que ter um ano de estágio. Como é possível? Que resolvam esta embrulhada que ninguém percebe isto", disse.

Custódio, que orientava os juvenis do Sporting de Braga, reconheceu que chegar a treinador da equipa principal era o seu objetivo, mas não imaginava que pudesse ser tão rapidamente.

"Quando o assunto é Sporting de Braga, estou sempre disponível para tudo porque confio nas pessoas com quem trabalhei alguns anos. Sei da exigência que é representar o Braga e estou preparado para ela, temos um grande plantel e uma grande equipa e é com grandes expectativas que abraço este grande desafio", disse.

Custódio disse ainda dar "continuidade a um futebol positivo e alegre" e deixou em aberto a possibilidade de manter o sistema tático implementado por Rúben Amorim (3x4x3).

"Como me defino como treinador? Já estive daquele lado sei que o futebol é jogado por seres humanos e que jogadores felizes interpretam melhor as ideias", disse.

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