Quase quatro meses depois, voltam as disputas pela bola ao ar, mas com moldes ajustados à nova realidade tomada pelo novo coronavírus. Depois da paragem do basquetebol nos Estados Unidos, devido a casos de infeção de Covid-19 dentro das equipas, interessa retomar a competição, até agora com os Milwaukee Bucks como líderes da Conferência Este, e os Los Angeles Lakers a liderar a Conferência Oeste.
São 22 as equipas que vão passar quase um mês dentro da chamada “bubble”, a bolha, em Orlando. Apenas os Orlando Magic não vão ter grande deslocação a fazer e alguns jogadores já devem conhecer bem o local onde vão jogar: o Walt Disney World Resort, (mais conhecido como Disney World), em Orlando, no estado da Flórida.
Na bolha montada dentro do complexo desportivo ESPN Wide World of Sports está um espaço de cerca de 89 hectares que fica dentro do Disney World. Contudo, os jogadores não vão jogar entre o Mickey e a Minnie, mas sim entre regras de segurança e higiene apertadas.
As restrições implicam que apenas os atletas, a equipa técnica e árbitros estarão presentes nos jogos, assim como alguns jornalistas, equipas da comunicação social, bem como equipas médicas, para alguma emergência. A única audiência que o recinto terá chegará via transmissão até casa dos adeptos, com a NBA a anunciar uma nova experiência que projeta os adeptos nos ecrãs dos pavilhões.
Para isso, a partir do “Microsoft Teams” (plataforma de gestão de projeto e conversação muito utilizada em tempos de pandemia), vai ser usado o “Together Mode” de forma a colocar mais de 300 fãs a assistir às partidas em tempo real.
Em ecrãs de cerca de cinco metros espalhados pelo recinto, os adeptos convidados vão poder interagir uns com os outros e assistir à partida. Em comunicado, a NBA diz que “esta nova experiência (…) dá aos fãs que participam a sensação de que estão sentados uns ao lado dos outros num jogo, sem deixar o conforto e a segurança das suas casas, enquanto os jogadores sentem a energia e o apoio deles.”
Mas não é tudo. A NBA avança que todos os fãs têm acesso a uma “experiência virtual de apoio” às equipas, através da aplicação da NBA, do site e no Twitter, com hashtags durante o jogo. “O apoio virtual vai passar nos ecrãs do pavilhão com gráficos e animações que captam o nível de interação dos fãs por todo o mundo.”
Os fãs têm também a oportunidade de ver os seus vídeos destacados, ao responderem a desafios no Tik Tok – isto apesar das autoridades dos EUA estarem a ponderar banir a rede social que tem na China o seu país de origem. Tudo isto num ambiente altamente tecnológico.
Em colaboração com a ESPN e a Turner Sports, a NBA anunciou também que “mais de 30 câmaras (…) vão ser reposicionadas mais perto do campo para mostrar ângulos nunca vistos em posições que de outra forma não eram acessíveis aos adeptos, no pavilhão.”
“Microfones à volta do campo vão captar sons do chão, incluindo o chiar dos ténis e o movimento da bola”, diz ainda a NBA, acrescentando que “DJ's e announcers estarão em campo para ajudar a replicar os sons e experiências a que as equipas estão habituadas.
Um cenário pouco florido
A liga norte-americana de basquetebol é das mais seguidas no mundo e nela jogam os melhores jogadores de basquetebol do planeta. Mas os Estados Unidos da América também ocupam um lugar no pódio, neste caso no que toca ao número de infetados por Covid-19.
É num contexto de pouco controlo da pandemia que se decidiu terminar o campeonato de basquetebol no segundo estado americano com mais casos de infeção por coronavírus, a Flórida, que desde o início de junho vê o número de infetados subir.
De 7 a 9 de julho, as equipas viajaram até Orlando e os vinte dias seguintes estão destinados a treino e jogos de preparação. Esta fase está quase concluída, sendo que tanto os jogadores, como equipa técnica e árbitros serão sujeitos a testes à Covid-19 regularmente.
O calendário da competição
Os jogos retomem dia 30 de julho e as equipas vão defrontar-se tendo em conta o que já foi jogado antes de os atletas serem obrigados a deixar os complexos desportivos. Cada equipa tem pela frente oito encontros na fase regular. A equipa em 8.º e 9.º de cada conferência, Este e Oeste, têm a hipótese de disputar mais jogos para apurar quem segue em frente.
Concluída esta fase, começam os conhecidos playoffs, em séries à melhor de sete jogos, entre os oito apurados de cada conferência. A data de fim da época 2019/2020, uma temporada anómala, deve esticar-se até meio de outubro.
No entanto, há a possibilidade de a NBA parar caso haja um aumento significativo dos casos de Covid-19. Quem o diz é o comissário da NBA, Adam Silver. Salvaguardada fica também a possibilidade de um jogador se recusar a jogar. Se o fizer, vê um corte no salário por não vestir o equipamento. Mas se aceitar jogar nas novas condições e por alguma razão sair da bolha, tem de ficar de quarentena, o que prejudica a equipa pela ausência de um membro.
Existiram já, contudo, casos de jogadores que saíram da "bolha", com Richaun Holmes, dos Sacramento Kings, e Bruno Caboclo, dos Houston Rockets, à cabeça. O primeiro cruzou a linha da bolha para receber um pedido de comida, como escreveu num tweet pessoal, e o período de quarentena já terminou.
No caso de Bruno Caboclo, o jogador saiu do seu quarto durante a quarentena inicial em Orlando. Este jogador também já está junto da equipa, tendo já feito a quarentena obrigatória após a infração.
A NBA está ainda a pensar como incluir as oito equipas que ficaram de fora da “bolha” de Orlando (por já não terem possibilidades matemáticas de se apurar para a fase final da temporada) e incluí-las numa segunda bolha. Isto enquanto a bolha já montada, em Orlando, parece livre de Covid-19. Dos 346 jogadores, zero testes voltaram positivos, confirmando que desde 13 de julho não há casos de coronavírus, segundo a CNN.
Até 13 de outubro, "nunca mais tarde", escreve a NBA, é possível acompanhar o campeonato americano de basquetebol.
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