Num discurso emotivo, Ricardinho esteve acompanhado na Cidade do Futebol, em Oeiras, pelo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, pelo selecionador, Jorge Braz, e pelos jogadores Bebé, Pedro Cary, Pany Varela e Tunha.

“Termino da melhor maneira esta página escrita na história do futsal. Venho aqui, com muita pena, dizer um até já à seleção nacional. É a decisão mais difícil que estou a tomar na minha carreira desportiva, mas é hora de dar lugar aos mais novos. Tudo o que tinha para dar à seleção dei desde os meus 16 anos. Sou orgulhosamente português e vou continuar a ser”, afirmou o ‘mágico’, visivelmente emocionado.

Neste “final de ciclo”, Ricardinho, de 36 anos de idade, lembrou os “dois piores anos desportivamente falando”, assentes na “saída triste de Espanha”, na pandemia de covid-19, no “projeto meio falhado em França” e “numa das lesões mais graves que se pode ter”.

“Foi, sem dúvida, uma caminhada incrível e inesquecível. Olho para trás e lembro-me que comecei com 16 aninhos em Rio Maior, mas não sabia que o caminho iria ser tão perfeito. Foi uma caminhada incrível, com altos e baixos, como tudo na vida”, realçou.

Ricardinho encerra o percurso na equipa das ‘quinas’ depois de ter conquistado o título mais desejado da carreira, graças à vitória de Portugal sobre a Argentina (2-1), na final do Mundial2021, na Lituânia, que juntou ao Europeu celebrado na Eslovénia, em 2018.

“O recorde que me faltou foi ter ganho mais Europeus e Mundiais. Tenho pena de não ter jogado mais jogos pela seleção. É um privilégio representar o país e ouvir o hino. Nunca joguei para bater recordes, tentei dar o máximo pela modalidade”, sublinhou.

Quanto ao futuro, o ala considerou que ainda tem “alguns anos para dar ao futsal”, onde, a nível de clubes, representa os franceses do ACCS Paris, reforçando a crença de que a seleção continuará com “muito potencial e talento” e convicto de que a camisola 10 e a braçadeira de capitão irão continuar “muito bem representadas, com certeza”.

“Sempre tentei ser preponderante e decisivo, acho que o consegui, mas isso também causa um desgaste mental. Foram muitos anos a tentar ser um exemplo, a colocar o nome de Portugal ao mais alto nível e a tentar não falhar. Penso que o fiz com grande sucesso e continuo a sentir-me útil. Por mim, jogaria até aos 50 anos pela seleção, mas temos de saber quando é o momento de dar lugar aos outros”, explicou.

Ricardinho, de 36 anos, o único praticante eleito por seis vezes melhor jogador de futsal do mundo (2010, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018), pelo portal Futsal Planet, contabilizou 187 jogos e 141 golos na equipa das ‘quinas’, pela qual se estreou em junho de 2003, numa vitória sobre Andorra (8-4), em Tavira.

Natural de Gondomar, o ala despontou no Benfica e cumpre a quarta experiência fora de Portugal, ao serviço do campeão francês ACCS Paris, após também já ter competido no Japão, pelo Nagoya, na Rússia, pelo CSKA Moscovo, e em Espanha, pelo Inter Movistar.

Ricardinho venceu mais de 30 troféus coletivos, incluindo três edições da UEFA Futsal Cup, uma nas ‘águias’ e duas nos madrilenos, e recebeu múltiplas distinções individuais, como as de melhor jogador nos Europeus de 2007 e 2018 e no Mundial de 2021.