"Todos disseram que foi a melhor preparação da história" do Brasil para Jogos Olímpicos, contou Marcus Vinícius Freire, diretor desportivo do Comité Olímpico Brasileiro (COB), no sábado, aos jornalistas. "Traçámos uma meta agressiva, mas atingível, de estar no Top Ten. Não vamos analisar antecipadamente. Vamos esperar até dia 21 e ver como ficou desporto por desporto (...) Continuamos com a nossa meta de estar no Top Ten", garantiu Freire, sem perder o otimismo.
O Brasil chegou aos Jogos com um número recorde de 465 atletas, muito mais que os 277 enviados a Pequim em 2008.
A meta da comitiva brasileira é saltar para a 10ª posição no número geral de medalhas em relação a Londres-2012, e não no tradicional ranking de ouros, escreve a AFP.
Embora três das cinco medalhas obtidas até agora tenham sido provenientes do judo, o desempenho nesta modalidade foi mais fraco do que o esperado. Rafaela Silva obteve o ouro na categoria até 57 kg, enquanto Rafael Silva (o Baby) conquistou o bronze na categoria mais de 100 kg, assim como Mayra Aguiar (até 78 kg).
Ney Wilson, um dos responsáveis do Comité Brasileiro de Judo, ressaltou que os países campeões investem muito mais nos seus atletas do que o Brasil.
"A competição foi dura (...) O nosso investimento foi para esta Olimpíada, enquanto eles investem há décadas. Espero que o investimento continue para que nos consigamos aproximar das principais potências desportivas", ressaltou.
Além das medalhas conquistadas na ginástica artística masculina, Felipe Almeida Wu conquistou uma medalha de prata no tiro desportivo (pistola de ar comprimido a 10 m), e o lutador Robson Conceição (até 60 kg) já alcançou o pódio, mas falta saber que medalha levará para casa.
Deceção
O Brasil colocou 33 atletas de natação nas provas do Rio 2016, mas não ganhou qualquer medalha, uma deceção porque em Londres-2012 havia conquistado uma medalha de prata e uma de bronze.
No basquetebol feminino ficou de fora, e no basquetebol masculino também corre o risco de ser eliminado.
Os brasileiros são muito menos otimistas do que o Comité Olímpico do seu país.
"Chegar ao Top Ten é uma pretensão absurda num país totalmente destruído com uma economia em recessão, um sistema de educação mau e uma estrutura social destruída. No final dos Jogos Olímpicos teremos mais uma deceção para o Brasil quando comparamos o que temos e o que que queríamos alcançar", afirma Luis Carlos Domingues Cardoso, um reformado de 72 anos, enquanto assistia este domingo a maratona feminina nas ruas do Rio.
"Não é possível alcançar o "Top Ten" nestas circunstâncias. Parámos de ganhar medalhas em desportos individuais, como o judo, onde esperávamos cinco ou seis. Esta situação, a crise que vivemos, eu acho que é um fator de desestabilização para o desporto brasileiro", afirmou, por sua vez, Roberto Moreira, de 64 anos, outro espetador da maratona.
Alguns observadores destacam que o Brasil tem mais hipóteses de ganhar medalhas nos desportos coletivos, que são disputados nos últimos dias da competição. Os Jogos terminam a 21 de agosto.
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