Através do seu perfil na rede social Instagram, o futebolista de 27 anos afirmou-se “preparado para ouvir insultos” dos adeptos do emblema ‘axadrezado’, que deixou em janeiro de 2019 para ingressar no rival de Guimarães, mas frisou que os insultos de sexta-feira, no Estádio do Bessa, mencionaram a sua mãe, que morreu em 2019, vítima de um cancro.
“Já pela terceira vez ouço cânticos a festejar a morte da minha mãe. (…) O que é isto? Não é futebol. Não é o meu futebol nem pode ser o futebol que o meu filho vai assistir quando crescer. Este comportamento só demonstra o quão pequeninos são os que conseguem cantar algo do género”, lê-se na rede social.
Rochinha considerou que o recinto ‘axadrezado’ assistiu a “um episódio muito triste no futebol português”, mas não inédito em confrontos entre Boavista e Vitória, já que o atleta foi, pelo menos, alvo de cânticos semelhantes no embate de 18 de agosto de 2019, em Guimarães (1-1).
O futebolista lamentou ainda “a passividade” da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, pelo facto de “não ser a primeira nem a segunda vez” que é “sujeito” a insultos que mencionem a mãe e pediu que o comportamento seja “punido com severidade” para que nem ele, nem “nenhum colega de profissão”, tenha de ser alvo de semelhantes insultos.
“Foi algo que ninguém devia viver, algo que não desejo a ninguém. Que me afeta não só a mim, que, antes de ser jogador profissional, sou humano, mas também a minha família, que todos os dias sofre com a ausência da minha mãe”, acrescentou.
O jogador disse ainda “agradecer” o “apoio desde o primeiro dia” prestado pelo Vitória de Guimarães, clube que já se pronunciou sobre o caso, tendo frisado que o “limite do respeito não pode ser ultrapassado” num desporto em que “os adeptos são fator fundamental no desenrolar do que acontece dentro e fora das quatro linhas”, desde “apoiar a sua equipa até pressionar a equipa adversária”.
“Se o jogador Rochinha, assim como todos os outros jogadores de futebol, estão habituados a ambientes adversos, onde o insulto é fácil, barato e encarado com infeliz naturalidade face aos hábitos vigentes, ainda para mais quando se defronta uma antiga equipa, o homem Diogo Rocha não devia, em momento algum da sua carreira futebolística, ser visado, injuriado e atacado pelo acontecimento mais trágico da sua vida pessoal”, lê-se no sítio oficial dos vimaranenses.
O clube minhoto escreveu ainda que os responsáveis por quem “insulta, de forma vil”, com “ódio cego e acéfalo”, devem-se “colocar na pele do Diogo Rocha, que é pai, filho e marido, e de toda a sua família”, para perceberem “o quão errados estão” e “o quão injusto seria encontrarem-se numa situação semelhante”, em que “veriam ser usada, contra eles, uma desgraça pessoal para os afetarem na sua área profissional”.
Convencidos de que “adeptos, jogadores, dirigentes têm um papel a fazer nesta luta pela limpeza da imagem do futebol português”, os vitorianos escreveram ainda que “punir severamente este tipo de comportamentos, com sanções agravadas para quem prevarique, torna-se cada vez mais premente”.
“Torna-se impreterível erradicar este tipo de comportamentos, para que possamos, dentro e fora de portas, ser vistos por tudo aquilo que de bom fazemos. Toda a estrutura do Vitória Sport Clube solidariza-se com o seu ‘capitão’, batendo-se, de frente, contra todos aqueles que ousem atacar quem veste o ‘rei’ ao peito”, lê-se anda no comunicado.
Vitória de Guimarães, sexto classificado da I Liga, com 45 pontos, e Boavista, nono, com 37 defrontaram-se na sexta-feira em partida da 33.ª jornada, que terminou 1-1.
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