Era difícil fugir a um dos tubarões do pote 1 no sorteio da Liga dos Campeões desta temporada. É verdade que ao FC Porto calhou a equipa que, teoricamente, seria a mais fraca desse pote. Entre todas as outras, o grau de dificuldade seria sempre altíssimo e ao SL Benfica calhou em “sorte” o Bayern Munique, histórico campeão alemão.

Os bávaros são hexacampeões alemães e têm um dos plantéis mais fortes do Mundo, ainda que, durante o defeso, tenham perdido Douglas Costa (foi contratado definitivamente pela Juventus depois uma temporada emprestado em Turim), Vidal (mudou-se para o Barcelona) e Rudy (que assinou pelo Schalke 04). No capítulo das contratações o Bayern foi, como tem sido hábito, cirúrgico: fez regressar Renato Sanches e Serge Gnabry dos empréstimos (a Swansea e Hoffenheim, respetivamente), contratou Leon Goretzka ao Schalke 04 a custo zero (o jovem talento alemão estava em final de contrato) e apostou na contratação do jovem avançado canadiano Alphonso Davies (17 anos), que apesar dos 10 milhões de euros investidos na sua contratação, integrou a equipa de juniores.

Depois, é uma constelação de estrelas: Neuer, Boateng, Hummels, James Rodriguez, Thiago Alcântara, Robben, Ribery, Lewandowski, Muller... Enfim, um sem número de estrelas, de internacionais pelos seus países, de jogadores que, no seu conjunto, já venceram tudo o que há para vencer no futebol europeu e mundial.

O Bayern, que trocou de treinador (o croata Niko Kovac é agora o líder do gigante bávaro), é um dos crónicos candidatos a vender a Liga dos Campeões. O SL Benfica não terá tarefa fácil nos dois jogos frente aos alemães podendo, quando receber o Bayern na Luz, ver também regressar uma das suas últimas grandes “exportações”: Renato Sanches.

E se os alemães somam cinco Ligas dos Campeões no currículo, o Ajax, o segundo adversário a calhar em sorte aos encarnados neste sorteio, soma quatro. É verdade que três delas foram conquistadas de forma consecutiva no início dos anos 70 e que a última data de 1995, mas um “gigante” é sempre um “gigante”.

O clube de Amesterdão não vence o campeonato holandês há quatro temporadas (depois de alcançar o tetracampeonato entre 2010 e 2014), mas isso não significa que tenha perdido a sua essência e capacidade de ser um autêntico viveiro de talentos.

Com um plantel com uma média de idades de 23,5 anos, o Ajax “perdeu” Justin Kluivert (sim, o apelido não é engana, é mesmo o filho de Patrick Kluivert, histórico avançado holandês) para a Roma, a troco de pouco mais de 17 milhões de euros, a viu também o internacional alemão Amin Younes e o internacional holandês Nick Viergever abandonarem Amesterdão em direção a Nápoles e Eindhoven, respetivamente.

Contudo, reforçou-se e bem. Daley Blind chegou do Manchester United, Dusan Tadic do Southampton, Bandé do KV Mechelen e Zakarya Labyad (esse mesmo, que passou pelo Sporting CP sem grande sucesso) do Ultrecht, num investimento superior a 40 milhões de euros que visa atacar o título holandês desta época e fazer boa figura na Europa do futebol.

E, para já, as coisas não têm corrido mal. Ultrapassaram três eliminatórias da Liga dos Campeões (eliminando Sturm Graz, Standard Liège e Dínamo Kiev) e após três jogos na liga holandesa somam sete pontos, apenas a dois do líder e campeão em título PSV Eindhoven.

Com um plantel que combina a veterania de homens como Blind, Tadic e Huntelaar à juventude de Onana, de Ligt ou Mazraoui, o clube de Amesterdão conta ainda com o internacional argentino Tagliafico e o fantasista marroquino Ziyech, homem que promete colocar os nervos em franja à defesa benfiquista.

Por último, o AEK Atenas, equipa da capital grega que conseguiu terminar com a hegemonia do Olympiakos (vencedor de sete campeonatos consecutivos) na Liga da Grécia e sagrar-se campeão 14 anos depois do seu último título, em 1994.

O AEK é um dos históricos clubes gregos (os 12 títulos de campeão comprovam-no), apesar da distância considerável em termos de palmarés que ainda conserva para o Panathinaikos (20 títulos de campeão grego) e Olympiakos (44 títulos de campeão grego).

Contudo, isso não impediu a equipa de Atenas de se sagrar campeã na temporada passada, título assente numa defesa de betão – apenas 12(!) golos sofridos ao longo das 30 jornadas e da qual faz parte Chygrynskiy, central ucraniano que chegou a passar pelo Barcelona e que se prepara para cumprir a terceira temporada no atual campeão grego.

O clube perdeu o ponta-de-lança Sergio Araujo (melhor marcador do AEK no campeonato passado, regressou ao Las Palmas que o havia emprestado ao clube grego), o extremo Christodoulopoulos (terminou contrato e assinou pelo rival Olympiakos) e o defesa-central Vranjes (vendido por pouco mais de 3 milhões de euros ao Anderlecht).

Contudo, conseguiu manter Marko Livaja (avançado que, tal como Sergio Araujo, também estava emprestado pelo Las Palmas mas que foi agora contratado a título definitivo pelos gregos) e garantir dos empréstimos do médio brasileiro Alef (que chegou do Sporting de Braga) e do avançado italo-argentino Ezequiel Ponce (emprestado pela Roma).

O AEK chega à fase de grupos da Liga dos Campeões depois de eliminar o campeão escocês (Celtic de Glasgow) e o campeão húngaro (Vidi FC) e conta no seu plantel com vários jogadores que já passaram pelo campeonato português: para além de Alef, o brasileiro Rodrigo Galo (ex-Paços de Ferreira) e os portugueses Hélder Lopes (ex-Paços de Ferreira) e André Simões (ex-Moreirense).