101 anos depois do primeiro Sporting-Benfica e cinco meses depois do último duelo entre os eternos rivais, Sporting e Benfica apresentaram-se em Alvalade, em jogo da 20ª jornada da Liga NOS, com um novo rosto. E uma nova filosofia. Os leões operaram, mesmo, uma verdadeira revolução. Se não vejamos.

A 25 de agosto os leões eram treinados por José Peseiro, que tinha substituído Sinisa Mihajlovic, contratado pelo anterior presidente, Bruno Carvalho e despedido antes do arranque da época oficial pelo então presidente da SAD da comissão de gestão, José Sousa Cintra. O presidente da SAD dos leões subiu, nesse dia, até à Tribuna Presidencial das águias e sentou-se ao lado de Luís Felipe Vieira, líder máximo do Sport Lisboa e Benfica, em contraste com o passado recente leonino que preferia outros assentos a cada deslocação à Luz.

Do lado do Benfica, Rui Vitória sentou-se no banco de suplentes num encontro que terminou empatado (1-1) com João Félix, que saltou do banco, a ser o herói da formação que jogava em casa, numa partida que Salin foi a figura do jogo.

Na viagem do tempo entre aquele fim de tarde solarengo de uma noite quente de verão para o principio de uma noite fria de inverno, em Alvalade, se grande parte dos artistas da bola são os mesmos, já no que toca a quem está ao leme dos destinos da equipa e do clube verde e branco a agulha é outra.

Um presidente novo, Frederico Varandas. Outro treinador, Marcel Keizer, técnico holandês que pegou na equipa substituindo o interino Tiago Fernandes (que viajou para Chaves).

Do lado encarnado também não ficou imune a mudanças. Vieira, que não se viu na zona nobre do Estádio de Alvalade, foi, entretanto, buscar Bruno Lage à equipa B e entregou-lhe a equipa, o tal Ferrari que Jorge Jesus deixou nas mãos de Vitória que, entretanto, foi pregar para outra freguesia.

O que também não mudou foram as ausências de Jonas (Benfica) e Mathieu (Sporting). E a preponderância de João Félix nos encarnados.

Jogo de golo, VAR e golo. E de João Félix

Se o trio de guarda-redes benfiquista foi o primeiro a entrar, a equipa leonina foi a primeira a pisar o relvado, poucos minutos do speaker anunciar os 50 anos do popular Paulinho, roupeiro dos verdes e brancos.

Artur Soares Dias deu o pontapé de saída no jogo em que as águias entraram a todo o gás. Grimaldo andou sempre uma mudança acima do seu opositor, Bruno Gaspar. Ameaçou, primeiro, centrando, já bem dentro da área, a meia altura, para Seferovic. Aos 10 minutos, a mesma jogada, os mesmos intérpretes. A bola foi para a cabeça, e não para o pé, e golo do avançado suíço que somava o décimo da época na Liga.

João Félix foi herói por 1 minuto ao introduzir a bola na rede de Renan, um (enorme) lance que após chamada de atenção do videoárbitro (VAR) não seria validado (falta do jovem benfiquista sobre Wendel). Gritou-se de alegria nas hostes leoninas (em resposta aos festejos encarnados) que nem um minuto depois abriram a boca de alivio pelo falhanço do avançado suíço diante o guarda-redes leonino (João Félix estava descaído do lado direito).

A nova estrela da companhia da formação que evolui no Seixal estava endiabrado. Aos 35’ abertura de Seferovic e o jovem avançado ampliou a vantagem na cara de Renan. Bola na rede. Celebrações. VAR. Pausa. Bola lentamente encaminhada para o centro enquanto Soares Dias espreitava aquele monitor que está ao centro do terreno no lado oposto aos bancos de suplentes. Compasso de espera de três minutos e celebração ao retardador no topo reservado aos adeptos encarnados.

Num jogo aberto e surpreendente entre duas equipas que não podiam perder pontos para o líder (leões e águias estavam a 10 e a 5 pontos de distância, respetivamente, antes da deslocação do Porto a Guimarães), Samaris perde a bola a meio campo, Nani mete em Bruno Fernandes que com um míssil sem hipótese para Vlachodimos devolveu esperança aos adeptos leoninos.

Reinício de jogo e golo. A seco. Bola parada. Pizzi no centro largo e Rúben Dias marca de cabeça no primeiro golo de bola parada do Benfica esta época.

Só dava Benfica. Seferovic volta a introduziu de novo a bola na baliza dos leões numa jogada que em clara superioridade numérica o avançado que na hora de aproveitar a recarga da bola vinda do guarda-redes leonino deixou-se cair em fora de jogo.

João Félix sofreu falta dentro da área. O braço direito de Renan derrubou-o. Pizzi, na conversão, aumentou a vantagem. E se o jogo se apresentava declaradamente partido, a defesa leonina estava em cacos. A dupla de ataque com o símbolo da águia ao peito voltou a fazer das suas. Se o suíço atirou à barra, o português falhou de baliza aberta na recarga.

A esperança leonina surgiu, por instantes, com Diaby a festejar, uma celebração interrompida pelo VAR que, instantes depois, fez voltar o tempo (e marcador) atrás. O auxiliar de vídeo voltaria a entrar em ação. Expulsão de Vlachodimos, guarda-redes das águias e penalidade. Castigo máximo convertido por Bas Dost, já com Svilar na baliza.

2-4, sete minutos de desconto e fim de jogo.

Ronaldo assiste à 32ª vitória das águias no reino do Leão

Cristiano Ronaldo e Dona Dolores testemunharam na bancada um recorde nas quatro linhas: foi atingido o maior jejum de vitórias leoninas, em casa, diante o eterno rival em jogos da Liga. A última tinha sido a 9 de abril de 2012 (26ª jornada), um golo marcado de penálti pelo avançado holandês Ricky Von Wolfswinkel. Desde então, seis épocas, quatro empates, duas vitórias das águias, seis jogos sem que os leões somassem três pontos. Pior registo é preciso recuar ao final da década 60 (1969) até 1976.

A derrota dá, aliás, seguimento a uma tendência no milénio em Alvalade. Em 19 jogos do campeonato os leões venceram somente cinco, sendo que nos últimos 12 anos ganharam apenas duas vezes. E, por fim, para a história da contabilidade desta eterna rivalidade, em 84 jogos na qualidade de visitado, o Sporting tem as mesmas vitórias que Benfica, na qualidade de visitante: 32.

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