“Não sou fã de cortar coisas a meio do ano. Os surfistas passam por um processo muito difícil para se qualificarem e, depois de conseguirem, o número de vagas é cortado. Acho quase anti-desportivo”, lançou ‘Saca’ em entrevista à Lusa, depois de questionado sobre a introdução desta regra pela WSL este ano.
E reforçou: “Acho até desrespeitador para os atletas de alta competição. É muito duro e não sou a favor”.
Segundo o ex-competidor Tiago Pires, de 42 anos, “a WSL quer a todo o custo mudar o formato [do circuito mundial], de forma a reduzir o tempo das provas e os custos” relacionados das mesmas, uma das quais já decorreu, em março, na Praia de Supertubos, em Peniche.
“As desculpas são criar o ‘dream tour’ [circuito de sonho] e os eventos mais curtos. Mas há o lado humano, o principal. A verdade é que ficaram 14 atletas de fora da segunda metade da época. E o que eles passaram para chegar ao circuito mundial. Não dar um ano completo a todos os surfistas é um erro”, vincou.
Frederico Morais, o único surfista luso que competiu este ano [na primeira metade da época] no circuito principal da WSL, foi uma das vítimas do ‘cut’, mas Tiago Pires acredita que ‘Kikas’ “tem mais do que argumentos” para regressar para o ano à elite.
“O Frederico é um atleta de topo. Agora, depara-se com uma nova realidades, nas ‘Challenger Series’ [circuito de acesso ao principal], onde há muitos novos talentos e o nível de surf vai aumentar. É cada vez mais difícil manter um lugar na elite”, considerou o ‘Saca’, dando ainda a sua opinião sobre Vasco Ribeiro, o outro português presente nas ‘Challenger Series’ na segunda metade da temporada.
Segundo Tiago Pires, Vasco Ribeiro está a atravessar um “momento excelente” e “com mais trabalho, disciplina, organização e sacrifício” já estaria no circuito principal há alguns anos, sendo até, na sua opinião, um sério candidato aos lugares cimeiros.
“Em termos de talento bruto é, talvez, o maior talento que Portugal já viu nascer. Mas isso pode funcionar às vezes contra ele. Muito mais resultados vão vir do trabalho do que do talento”, sublinhou.
Sobre o bom momento do surf feminino, ‘Saca’ destacou o “grande mérito” de Teresa Bonvalot, campeã europeia, considerando a atleta, de 22 anos, de quem já foi treinador, “uma mulher muito focada e determinada”.
No quadro feminino, Portugal tem cinco atletas presentes nas ‘Challenger Series’, todas com aspirações a entrar para o circuito principal da WSL na próxima época: Teresa Bonvalot, Carolina Mendes, Mafalda Lopes, Francisca Veselko e Yolanda Hoplkins.
Tiago Pires é coorganizador do ‘Prio Softboard Heroes’, evento de surf solidário que decorre no dia 08 de julho, na praia da Física, em Santa Cruz, Torres Vedras, pelo segundo ano consecutivo.
“O objetivo é ligar a grande paixão que é o surf à solidariedade, infelizmente, cada vez mais necessária. Não esperávamos que o primeiro corresse tão bem e este ano as expectativas estão bem altas”, disse, apontando para a total disponibilidade de 16 surfistas convidados, entre profissionais e figuras públicas que praticam a modalidade, para aderirem à iniciativa.
Em jogo vai estar um prémio de 12.500 euros, mais 25% que na edição anterior, para ajudar quatro associações portuguesas sem fins lucrativos (Operação Nariz Vermelho, Associação Salvador, Just a Change e APECI – Associação para Educação de Crianças Inadaptadas).
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