“Ninguém nos fez chegar a ideia de que gostaria de um cancelamento. Os atletas, já qualificados ou a tentarem, estão até ansiosos por ir aos Jogos. Estão, naturalmente, muito preocupados com a situação” pandémica, explicou à Lusa o presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), João Rodrigues.
As restrições e dificuldades em praticar desporto, em algumas modalidades, e na realização de provas de qualificação, muitas adiadas, ‘mexem’ sobretudo com atletas ainda em busca de conseguirem carimbar o ‘passaporte’ para Tóquio2020, referiu.
Ainda assim, estes atletas “estão mais do que habituados a trabalhar com ansiedade”, mesmo que reconheça algumas “situações bastante complicadas”, sobretudo entre quem está ainda a tentar entrar no programa olímpico.
“Há muita sensibilidade para ajudar todos estes atletas ainda com ambições, mas há situações complicadas”, comentou.
Apesar de cada vez mais atletas darem voz à ansiedade em torno da incerteza sobre um possível cancelamento dos Jogos, e alguns demonstrando o desagrado por estarem a ser excluídos do processo de decisão, Rodrigues lembrou que, em 2020, aquando do adiamento, “a opinião dos atletas foi ouvida nos quatro cantos do mundo” e “pesou na decisão”.
O presidente da CAO apontou ainda para um encontro virtual na segunda-feira entre todas as comissões de atletas olímpicos e o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.
Na quarta-feira, em conferência de imprensa, Thomas Bach pediu “paciência e compreensão” a todos em torno do evento, que arranca em 23 de julho, garantindo que todas as partes estão “concentradas e comprometidas com a realização segura e bem sucedida” de Tóquio2020.
A especulação em torno do cancelamento, num momento em que a opinião pública do Japão é favorável a esta decisão, com as sondagens a apontarem cerca de 80% dos inquiridos a favor, está a magoar os atletas, continuou.
De momento, há já 61% das vagas preenchidas para o evento, e dos 39% que faltam, 15% apuram por ‘ranking’, mais próximos do arranque da prova, e os restantes dependentes de torneios de qualificação, muitos dos quais, marcados para janeiro e fevereiro, têm sido adiados em vários países devido ao recrudescimento da pandemia de covid-19.
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