O Meo Rip Curl Pro Portugal, 3.ª etapa do circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), ficará para sempre no livro de memórias de Yolanda Hopkins, surfista portuguesa de 25 anos.
Recém-campeã europeia, título alcançado no Qualifying Series, prova regional da WSL, Yo, como é conhecida, fez, em Peniche, a estreia em etapas do Championship Tour (CT), concretamente nas ondas de Supertubos, a convite (wildcard) da organização.
Underdog do evento, Yolanda Hopkins terminou em 5.º lugar na prova portuguesa, um caminho surpreendente, só parado pela americana Macy Callaghan nos quartos-de-final.
“O 5.º lugar é incrível, igualei o resultado nos olímpicos (Tóquio 2020) e espero estar aqui de volta (a Peniche e às etapas do CT), não como wildcard, mas como permanente, e no próximo ano, ganhar”, atirou.
Além do registo do melhor resultado de sempre de uma surfista lusa na divisão de elite do surf mundial, competição organizada pela WSL, Yolanda Hopkins guardou na memória um sentimento e um elemento especial após a histórica vitória, na véspera, nos oitavos da etapa portuguesa, frente à havaiana pentacampeã mundial, medalha de ouro em Tóquio 2020, Carissa Moore - a sua fonte de inspiração e, na altura, líder do ranking do circuito mundial.
“Já tenho a licra guardada na minha mala mesmo que não seja minha é a licra com que derrotei a Carissa Moore e vou guardar com grande sentimento”, confessou, referindo-se à “camisola” branca pedida emprestada à americana Laker Peterson (finalista em Supertubos, no ano passado).
A felicidade do dia de ontem produziu um efeito contrário ao que se espera. “Nem me lembro do final da tarde, apaguei completamente”, sorriu, vestida de licra vermelha e sem nome nas costas.
“A Carissa enviou-me uma mensagem de parabéns e que que estava a torcer por mim”, revelou. “Acabei por dizer que era a minha favorita e não queria estragar a corrida dela para ser campeã mundial, mas no próximo ano vou estar aqui permanente e vamos ter um rematch”, deixou a promessa.
Circuito Mundial e Jogos Olímpicos no horizonte
Emoções à parte, em relação à despedida de Peniche, no mais que provável último dia da competição, a racionalidade veio à tona da água. Sai com uma sensação “agridoce”, classifica, depois da doce celebração 24 horas antes. “Gostava de chegar à final e ter uma batalha com quem quer que fosse”, afirmou.
Assumiu erros e opções erradas na gestão das ondas. “Quando estava em prioridade não apanhei as melhores ondas. Vou rever o heat (bateria) com o meu treinador e vamos trabalhar”, sentenciou.
Um tubo (manobra rainha em Peniche) falhado não lhe sai da cabeça. “A olhar para trás não devia ter apanhado aquela onda, na altura parecia boa, mas devia ter esperado. É pensar no assunto e esperar que da próxima vez não faça esse erro”, reconheceu.
Aos 25 anos, a surfista algarvia, campeã europeia, já afirmou publicamente estar a viver o melhor ano na carreira.
Mas quer mais no imediato. A começar já no Challenger Series, circuito de acesso à elite mundial, onde está, pelo segundo ano consecutivo.
“Agora começo os Challenger Series, na Austrália, volto e vou para El Salvador”, onde decorrerá o Mundial ISA, evento de qualificação para os Jogos Olímpicos Paris 2024. “São os meus objetivos este ano: qualificar para os olímpicos e o Circuito Mundial também”, sentenciou.
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