Em entrevista à agência Lusa, em pleno relvado sintético do Costa do Sol, Horácio Gonçalves elogiou a estrutura do clube ‘canarinho’ [joga de amarelo e azul], que permitiu reconquistar o título nacional, após 12 anos de jejum, duas Supertaças, uma Taça de Moçambique o torneio de abertura da cidade de Maputo.

“É um conjunto de situações [que permitiram o sucesso]: o empenho, a dedicação, no dia-a-dia, a compreensão e o sacrifício dos jogadores e o apoio, naturalmente, da direção”, referiu o técnico natural de Guimarães, de 51 anos, antes de orientar mais um treino da equipa de Maputo.

Horário Gonçalves chegou à capital moçambicana em 2018 e justificou os seus êxitos com a sua capacidade de adaptação a um futebol caracterizado por inúmeras carências de ordem estrutural.

“Aquilo que eu tentei fazer foi aliar a experiência que adquiri em Portugal a uma adaptação rápida à realidade do futebol moçambicano”, destacou.

Insistindo sempre na importância da humildade no trabalho, Horácio Gonçalves enalteceu a facilidade de adaptação dos treinadores portugueses a outras realidades.

“Somos homens do mundo e os treinadores portugueses têm demonstrado isso nos cinco continentes, a sua capacidade de se adaptar em qualquer parte do mundo”, frisou.

O sucesso alcançado pelo Costa do Sol sob orientação do técnico português não esmorece a ambição de repetir em 2020 o êxito a nível doméstico.

“Estamos no bom caminho, para tentar realizar, novamente, uma época melhor, se possível, ainda melhor do que aquela que conseguimos no ano passado”, sublinhou.

O Costa do Sol iniciou 2020 com o triunfo na Supertaça Mário Coluna, ao derrotar a União Desportiva do Songo, por 6-5 no desempate através de grandes penalidades, após o 1-1 no tempo regulamentar e no prolongamento, em 03 de fevereiro último.

Esta foi a nona vitória do Costa do Sol na Supertaça, a terceira consecutiva e a segunda sob o comando do português.

Apesar do sucesso interno, Horário Gonçalves não assume euforias com a presença na Liga dos Campeões africanos.

“Não temos experiência necessária e não temos os valores económicos que os clubes de outros países têm, temos que reconhecer isso”, lamentou.

Para o treinador vimaranense, as lacunas nas estruturas de formação e nos equipamentos são um ‘travão’ ao desenvolvimento do futebolista moçambicano.

“Há jovens que poderiam aparecer mais cedo, mas, devido a essas dificuldades, aparecem mais tarde, aos 23, 24 anos, quando deveriam aparecer aos 19 anos, portanto há esse hiato”, assinalou.

Com contrato até ao final de 2020, Horácio Gonçalves assegurou a sua concentração no clube, realçando ainda a importância do futebol como fator de unidade nacional.

“Tem havido uma intervenção de sua excelência o senhor Presidente da República [Filipe Nyusi], que tem sido fundamental, é um amante de futebol, adora o futebol e nesse aspeto tem sido a pedra basilar da continuidade do Moçambola, que é um fator de unidade nacional”, concluiu.