A chama paralímpica, que viajou desde cidade inglesa de Stoke Mandeville, o ‘berço’ dos Jogos, chegou ao estádio transportada por três campeões paralímpicos nipónicos, passando depois por pelas mãos de um médico, uma enfermeira e um protésico, antes de chegar ao destino final.
A luz, que iluminará a competição até 5 de setembro, chegou à pira, desenhada pelo canadiano educado em Tóquio Oki Sato e que também acolheu a chama olímpica, pelas mãos dos atletas nipónicos Yui Kamji, Shunsuke Uchida e Karin Morisaki.
No aeroporto adaptado, em que se transformou o estádio olímpico, o pequeno avião, diferente dos restantes, assumiu o papel de protagonista, numa cerimónia idealizada por Takayuki Hioki, que teve como lema “Ventos de Mudança”, e deu as boas-vindas a um número recorde de 4.327 atletas, de 166 países, nem todos presentes no recinto, devido às restrições impostas pela pandemia.
Portugal, que soma a sua 10.ª participação consecutiva na competição, foi a 133.ª delegação no recinto, depois transformado em aeroporto, num desfile aberto pela delegação de refugiados e encerrado pelo anfitrião Japão, antecedido da França e dos Estados Unidos, os dois próximos países a receberem os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
A jogadora de badminton Beatriz Monteiro, ‘benjamim’ lusa, com apenas 15 anos, e o lançador do peso Miguel Monteiro, foram os porta-estandarte de Portugal, que desfilou com 55 dos 77 elementos da comitiva, e que está representado nos Jogos por 33 atletas, que competem em oito modalidades.
Num ato simbólico, a bandeira do Afeganistão, cujos dois atletas que deviam participar foram impedidos de sair do país devido à atual situação política, foi transportada por um voluntário, imediatamente atrás da equipa de refugiados.
À passagem de cada uma das delegações, ordenada de acordo com o alfabeto nipónico, na pista do estádio centenas de pessoas mexiam-se de diferentes formas, simbolizando ventos, que, unidos, pretendiam criam uma força única empenhada em dar voz ao movimento #WeThe15, que tem como objetivo transformar a vida de 1,2 mil milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que representam 15% da população mundial.
Com os atletas e outros membros das comitivas no estádio, o pequeno avião, de apenas uma asa chegou ao aeroporto, onde pareceu ter desistido de tentar voar, enquanto outros o faziam à sua volta.
Após um espetáculo de cor e som, num estádio sem público devido à pandemia, o pequeno avião recebeu confiança e apoio de todos os outros, mas acabou por sair de cena, para só voltar depois dos discursos e da abertura oficial do evento, “decretada” pelo imperador Naruhito.
Irrompendo pela pista, cheio de confiança, o pequeno, e antes tímido, avião usou a confiança recebida de todos os que estavam à sua volta e a força das palmas que ecoavam no estádio para se fazer à pista, personificando o lema “seguimos em frente, temos asas”, ao som de única batida de rock de todo o espetáculo, até então marcado pela sobriedade musical.
Antes, com o para-aeroporto “fechado” ao tráfego, Seiko Hashimoto, a presidente do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio2020, lembrou que Tóquio é a primeira cidade a receber pela segunda vez a competição paralímpica, que acolheu em 1964, e destacou a importância do exemplo de superação dado pelos atletas paralímpicos.
“Acredito que a imagem de superação e resiliência destes atletas inspirará todos, ainda mais numa época como a que vivemos, na qual todo o mundo se debate com a pandemia”, afirmou.
Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC), considerou que a realização dos Jogos, um ano depois do previsto, mostra “que da adversidade pode sempre surgir a esperança”, e enalteceu o papel da competição na criação de uma sociedade mais inclusiva.
“Queremos usar os Jogos para fazer mudanças que contribuam para uma sociedade mais inclusiva, não apenas na cidade em se realizam, mas em todo o mundo”, afirmou, lembrando o compromisso do IPC em, juntamente com governos, empresas e sociedade em geral, cumprir a promessa da Agenda 2030 da ONU, através do movimento #WeThe15 de “não deixar ninguém para trás”.
Por: Alexandra Oliveira da agência Lusa
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