O dirigente abordou as declarações do agora treinador do Olympiacos, da Grécia, numa entrevista ao diário desportivo Record, publicada a 27 de maio, na qual referiu que a direção vitoriana foi incapaz de cumprir o planeamento que fizera para a época 2017/18, tendo-as considerado “um exercício de vingança”.

“O diretor desportivo Flávio Meireles sempre me foi dizendo, ao longo da época, que tínhamos um problema que se chamava Pedro Martins. Eu disse que tínhamos cometido erros. Nunca elenquei esses erros. O principal erro chamava-se Pedro Martins”, disse, perante os mais de 300 sócios presentes na Assembleia-Geral do clube.

O técnico ingressou no clube vimaranense na antecâmara da época 2016/17, onde viria a alcançar o quarto lugar na I Liga e a final da Taça de Portugal, perdida para o Benfica (2-1), e saiu no início da segunda volta da época 2017/18, após a goleada caseira ante o Sporting de Braga (5-0).

Júlio Mendes realçou que os problemas na preparação da época passada começaram logo no Jamor, após a final perdida para os ‘encarnados’, quando o técnico comunicou à direção a intenção de sair já, na altura, para o Olympiacos, apesar de ter contrato até junho de 2018.

“Assumiu que tinha um compromisso com o Vitória. E disse que era. Fui como um murro no estômago quando ouvi o treinador dizer que queria ir embora. Ficou escrito na cláusula de rescisão que o Olympiacos tinha de pagar um milhão de euros. O ‘mister’ Pedro Martins insistia em sair a custo zero”, lembrou.

O dirigente afirmou ter optado pela manutenção do treinador, por causa da eventualidade do clube não ser compensado financeiramente, e lembrou, de seguida, que a pré-época começou mal, com a doença que impediu o técnico de participar nos primeiros 15 dias de trabalho.

Júlio Mendes acusou também Pedro Martins de considerar “demasiado curtos” alguns jogadores propostos pela administração da SAD para a nova época, como Matheus Pereira e Domingos Duarte, que rumaram do Sporting para o Chaves, Paulinho, Fabrício e Tabata, do Portimonense, alegando que o treinador privilegiava jogadores mais caros, cujos encargos o clube não conseguia suportar.

“Só sugeria jogadores a custar quatro, cinco, seis milhões”, disse.

O presidente vitoriano assumiu ter despedido o técnico após a goleada sofrida no dérbi minhoto, em fevereiro de 2018, por ter tido conhecimento que, no estágio de preparação para o duelo, se passaram “coisas muito graves” como “alterações de capitães e expulsões de jogadores” e que o técnico já não tinha controlo sobre o plantel.

“Ele disse-me que já tinha perdido o grupo. E quando um presidente de um clube ouve um treinador a dizer isto, percebi que poderia estar perante um problema muito mais complicado do que aquele que já íamos percecionando ao longo da época”, disse.

O dirigente referiu ainda que já tinha pensado despedir Pedro Martins, após a derrota por 4-1 frente à Oliveirense, em novembro, para a Taça da Liga, mas considerou que, naquela fase, não havia “ninguém à altura” para o substituir.

Júlio Mendes criticou ainda as declarações de Pedro Martins a dar conta que o melhor presidente com quem já trabalhou foi Carlos Pereira, do Marítimo, e o clube mais organizado o Rio Ave, clubes onde não conseguiu os resultados que conseguiu em Guimarães.

“Para ele, os êxitos são do treinador. Os inêxitos são da direção. No ano passado, fez o quarto lugar, a final da Taça de Portugal e chegou à Supertaça”, lembrou.