“Nós, o grupo abaixo-assinado, representamos uma larga variedade de áreas de especialização e estamos unidos na nossa oposição a Donald Trump; nós recomendamos que os eleitores escolham um candidato diferente”, lê-se na frase inicial do texto de duas páginas, que rebate ponto por ponto algumas das mais famosas ‘tiradas’ do candidato republicano.
A carta aberta, noticiada pelo Wall Street Journal, não recomenda explicitamente o apoio a Hillary Clinton, que aliás também foi visada numa carta aberta, em setembro, em que 306 economistas criticaram as suas políticas, mas na segunda-feira, uma outra missiva, assinada por 19 vencedores do Prémio Nobel da Economia, apoiaram e defenderam o voto em Clinton.
A carta de hoje, que inclui Angus Deaton, Nobel da Economia do ano passado, e um dos vencedores da edição deste ano, Oliver Hart, bem como o economista-chefe do Banco Mundial, e Kenneth Arrow, Nobel em 1972, contem críticas a Trump por dar dados falsos sobre a evolução de vários indicadores, como o peso dos impostos nos EUA e o custo de eliminar o défice orçamental.
“Ele informa erradamente o eleitorado, degrada a confiança nas instituições públicas com teorias da conspiração e promove ilusões propositadas sobre a realidade”, lê-se no documento, disponível no site do Wall Street Journal.
Ao contrário dos apoios habituais de quatro em quatro anos aos candidatos presidenciais, a grande novidade desta carta é a refutação técnica das afirmações de Trump, mais do que a defesa de um candidato ou de uma política económica.
“Eu normalmente não entro na política, mas decidi assinar esta carta porque penso que a destruição que as táticas da campanha de Trump fizeram às instituições desta nação é um grande tema moral”, disse Robert Shiller, um economista da Universidade de Yale e Nobel da Economia em 2013, ao Wall Street Journal.
“Isto não é republicanos contra democratas, não é uma declaração política normal, é um sentimento de indignação contra um demagogo”, argumentou o economista.
No texto, os 370 economistas criticam Trump por ser “uma escolha perigosa e destrutiva” para os EUA, por “repetir falsas e enganadoras estatísticas económicas” e dizem que “as suas declarações revelam uma profunda ignorância sobre a economia e uma incapacidade de ouvir peritos credíveis”.
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