"Acho que seria tonto uma comunidade abdicar daquilo que têm sido os seus fatores de crescimento, de investimento, emprego e atividade económica", entre os quais o turismo, afirmou Fernando Medina na conferência "Património cultural: empreendedorismo e itinerâncias", em Lisboa.

Na opinião do líder do executivo municipal, de maioria socialista, "seria um ato surpreendente se uma comunidade de gente racional e com vontade de progredir de um momento para o outro abdicasse daquilo que são as suas forças de crescimento, emprego e de investimento".

Medina respondia assim a vozes críticas que defendem um recuo do turismo na capital e apontou que "se tudo correr bem, o turismo não vai deixar de crescer na cidade".

"Há hoje uma consciência de que a cultura e o investimento na dinâmica cultural é um dos elementos chave para nós conseguirmos manter a dinâmica económica positiva da cidade", continuou o autarca, na iniciativa organizada pela fundação PLMJ, que decorreu na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

Para o socialista, "isto é uma circunstância rara, normalmente a cultura é sempre o parente pobre e a primeira vítima".

Quanto a externalidades negativas, Fernando Medina advogou que é necessário abordá-las "da forma menos restritiva possível" e "continuar a investir nos elementos motores da valorização da cidade enquanto elemento turístico e enquanto unidade territorial particularmente atrativa", dando o exemplo das medidas aplicadas aos ‘tuk-tuk'.

"E a cultura está no centro deste processo, aquilo que é um extraordinário ativo que o país tem, que tem a ver com a nossa riqueza cultural, seja das árvores do património edificado, seja na área das artes plásticas, seja até nas artes performativas", vincou.

Trata-se, insistiu, de "um elemento essencial para a sustentabilidade do setor do turismo e para a atratividade no geral".

Medina deu como exemplo os investimentos financiados pela Taxa Turística, nos quais se insere o projeto de reconstrução do Palácio da Ajuda.

"E a dinâmica que temos tido de diversificação desses elementos tem sido um ativo extraordinário", apontou.

Dando o exemplo de artistas que enchem salas de espetáculo no estrangeiro para ouvir concertos de fado, o presidente do município salientou que ajudam a afirmar a "autenticidade [do país] no mundo.

"O que faremos pelo melhor é não falharmos em perceber a situação da cidade e não falharmos em investir no momento certo para que possamos, daqui a uma década, olhar para trás e dizer que aproveitamos bem o tempo e a fortuna para construirmos as bases para que isto se perpetue por mais tempo", rematou.