Detida pelo grupo brasileiro Camargo Corrêa, a Intercement Austria convocou a assembleia-geral extraordinária a 26 de maio, apresentando um único ponto: “deliberar sobre a perda da qualidade de sociedade aberta”.

Para justificar a decisão, os brasileiros indicaram a “elevada concentração do capital social da Cimpor no acionista maioritário subscritor desta proposta [Intercement] e a consequente reduzida dispersão das suas ações pelo público em geral (4,9%)”, os “níveis de transação em mercado pouco significativos” e a ausência da cimenteira dos “principais índices bolsistas”.

A Intercement acrescentou não existir cobertura ativa de ‘equity research’ sobre a empresa, apontando ainda para “o aparente afastamento dos acionistas minoritários com a sociedade evidenciado pela ausência dos mesmos nas assembleias gerais da Cimpor”.

Outro argumento relaciona-se com “a evolução negativa das operações industriais no principal mercado da empresa (Brasil) e a deterioração expressiva dos seus capitais próprios e crescimento da dívida financeira”.

Por último, a Intercement considera que não estão reunidas as condições para avançar, no curto prazo, com o aumento de capital com recurso a subscrição pública que tinha anteriormente projetado.

Para efetivar esta operação, que não deverá afetar as operações, a Intercement compromete-se a comprar as ações dos minoritários por um “valor equivalente ao preço médio ponderado das ações da Cimpor no mercado Euronext durante os últimos seis meses”, garantindo que, durante este período, não adquiriu quaisquer ações da cimenteira.

A empresa não descarta a possibilidade de “poder oportunamente voltar a abrir o seu capital, não obstante a impossibilidade de readmissão das suas ações à negociação em mercado regulamentado no prazo de um ano”.

Em 2012, a InterCement, empresa da brasileira Camargo Corrêa, subiu a sua posição na Cimpor de 33% para 95%, num investimento de 1,5 mil milhões de euros, em resultado da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre a cimenteira portuguesa.