De acordo com carta aos trabalhadores da Groundforce, a que a Lusa teve acesso, Paulo Neto Leite mantém as suas funções enquanto administrador, mas "cessa com efeitos imediatos de exercer qualquer função executiva".

Em comunicado, a Pasagol, de Alfredo Casimiro, acionista maioritário da Groundforce (50,1%), explica que "a destituição de Paulo Neto Leite, com efeitos imediatos, justifica-se por um conjunto de situações que configuraram uma violação grave dos deveres de lealdade".

"Os acionistas entenderam que a confiança no até aqui CEO foi ferida de morte e que este não tem condições para conduzir os negócios sociais da empresa ou para se envolver na procura de soluções sustentáveis para a Groundforce", refere.

"Para garantir uma mais eficiente capacidade de resposta e uma necessária coesão na gestão da companhia, foi decidido em Conselho de Administração alterar a composição da Comissão Executiva passando o presidente do Conselho de Administração a assumir também a presidência da Comissão Executiva", refere Alfredo Casimiro na comunicação aos trabalhadores da empresa de assistência nos aeroportos.

Na carta aos trabalhadores, Alfredo Casimiro recorda que as restrições à circulação na aviação, devido à pandemia de covid-19, afetaram a tesouraria e os resultados da empresa de 'handling'.

"Desde a primeira hora que recorremos aos instrumentos que o estado português disponibilizou às empresas, particularmente solicitando ao ministro da tutela um aval de estado para um financiamento essencial à manutenção da atividade da empresa. Não tendo sido obtido este aval a Groundforce mergulhou numa profunda crise de tesouraria cuja principal consequência foi a incapacidade de pagamento atempado dos salários de fevereiro", refere, sublinhando que "este financiamento é essencial".

Em 19 de março, depois de várias negociações, a Groundforce e TAP chegaram a um acordo, em que a companhia aérea adquiriu por cerca de sete milhões de euros equipamentos da empresa de ‘handling’ (assistência nos aeroportos), que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material. Este acordo permitiu desbloquear provisoriamente o impasse na empresa e pagar os salários em atraso aos 2.400 trabalhadores.

O acordo foi fechado com três votos a favor - os dois administradores nomeados pela TAP e o presidente executivo da empresa de 'handling', Paulo Neto Leite-, a abstenção do presidente do Conselho de Administração, Alfredo Casimiro, e um voto contra, disse então à Lusa fonte ligada ao processo.

Segundo adiantou à Lusa a mesma fonte, os dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP, acionista minoritário (49,9%), aprovaram o acordo, a que se juntou o presidente executivo da empresa de 'handling', Paulo Neto Leite (nomeado pela Pasogal), que já tinha manifestado na véspera a sua intenção de validar o acordo proposto pela TAP.

Por seu lado, o presidente da Pasogal absteve-se e o outro administrador nomeado pelo acionista privado, Gonçalo Carvalho, votou contra.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.

[Notícia atualizada às 23:17]