“Creio que os próximos tempos vão ser tempos de recomposição do tecido empresarial nacional e de aceleração de tendências que vinham de trás”, afirmou o governante, na sessão de abertura de uma iniciativa sobre o mercado de fusões e aquisições de empresas, organizada pela Abreu Advogados e plataforma Transactional Track Record (TTR).
Siza Vieira afirmou que, na sequência do impacto económico da pandemia, “algumas empresas, dentro dos mesmos setores de atividade, estão a ficar para trás, não sendo capazes de aguentar as novas exigências”, enquanto outras estão a ter capacidade de crescer, de se orientar mais para os mercados externos e de incorporar mais inovação nos seus produtos e processos.
“Estas tendências são positivas. A nossa economia só pode continuar a crescer se se orientar para os mercados externos, se transcender as fronteiras de um mercado com 10 milhões de consumidores, com um poder de compra limitado”, afirmou o governante, reafirmando que “a próxima década vai ser de grande crescimento e de grande transformação” da economia global e da economia europeia.
Siza Vieira, na sua intervenção, destacou o “dinamismo do mercado de fusões e aquisições e o “elevado” valor das respetivas transações, que explicou serem motivados pela “abundância de liquidez” no mercado, que beneficia de taxas de juro baixas, atraindo o interesse dos fundos de investimento.
Outra razão para este dinamismo, segundo o governante, é o aumento de investidores que usam as fusões e aquisições de forma programada e estratégica “como maneira de se adaptarem às profundas mudanças” que a economia global está a atravessar, na sequência da recomposição de cadeias de valor e da aceleração de modelos de negócio inovadores, em função da pandemia e da aceleração da transição digital.
“Quer do ponto de vista de aquisições, quer do ponto de vista de investimentos estratégicos, estes movimentos vão ser bem significativos e vão permanecer e, seguramente, fazer-se sentir também no nosso país”, afirmou Siza Vieira, defendendo que, se 2020 e 2021 foram anos de incerteza, que condicionaram o ritmo dos movimentos de fusões e aquisições, “ainda assim a tendência está aí e vai-se manter”.
Siza Vieira defendeu ainda, no encontro, que Portugal “vai ser um beneficiário líquido” das mudanças que globalmente se fazem sentir, relacionadas com a reindustrialização da Europa ou a aproximação dos centros de produção, de bens ou de serviços, aos grandes centros de consumo, designadamente a União Europeia.
O ministro lembrou que Portugal tem sido, nos últimos anos, um destinatário “muito significativo” de investimento direto estrangeiro e que este ano, depois da quebra de 2020, foi já atingido, em outubro, o máximo de investimento direto estrangeiro angariado pela Agência de Investimento e Comércio Externo de (AICEP), superior a 1,2 mil milhões de euros e acima do recorde de 2019 (1,1 mil milhões de euros).
“Portugal tem, neste momento, não só o nível mais elevado de ‘stock’ de investimento direto estrangeiro da sua história, mas também cresceu, do ponto de vista da União Europeia, no ranking dos países que mais investimento direto estrangeiro são capazes de captar”, afirmou Siza Vieira, destacando a qualificação dos recursos humanos nacionais, que diz serem “altamente valorizados” pelos investidores estrangeiros.
Se historicamente Portugal tem um défice de qualificações, Siza Vieira lembrou que hoje em dia a população portuguesa com menos de 40 anos já tem qualificações ao nível do resto da Europa e até é, o terceiro país europeu, depois da Alemanha e da Áustria, com mais engenheiros em termos de percentagem de graduados pelas universidades.
“Portugal é uma economia que está a crescer e tem ainda com margem de progressão em termos da diversificação da sua atividade económica”, disse ainda.
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