Após uma série de medidas extraordinárias adotadas em março, a instituição referiu em abril que estaria preparada para fazer mais para conter uma crise “inédita em tempos de paz”.
Segundo analistas, agora será a hora de agir de novo e isso deve ser feito através do programa de compra de ativos PEPP, que prevê a compra de dívida no valor de 750 mil milhões de euros até ao final do ano.
Devido à sua flexibilidade, que permite concentrar os esforços em determinados períodos ou países, este instrumento tornou-se “o preferido” para limitar os danos económicos causados pelo novo coronavírus, declarou recentemente o governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau.
Atualmente, o BCE tem feito essas aquisições a uma média de 26,5 mil milhões de euros por semana e se continuar a este ritmo “acabará por esgotar o envelope total no início de outubro, prevê Andrew Kenningham, da Capital Economics, citado pela AFP.
O economista considera que a instituição de Frankfurt poderá acrescentar “no mínimo” 500 mil milhões de euros ao PEPP, uma previsão que é partilhada por outros analistas.
O programa deverá também ser prolongado “até setembro de 2021″, acrescenta Frederik Ducrozet, da empresa de serviços financeiros Pictet Wealth Management.
Na reunião de quinta-feira, o BCE deve discutir ainda a questão da repartição das suas compras, segundo a parte de cada Estado-membro no seu capital, segundo Fritzi Köhler-Geib, economista da KfW, isto depois de o Tribunal Constitucional alemão ter pedido justificações sobre a compra de ativos que a instituição tem vindo a fazer desde 2015.
“Como a crise do coronavírus atingiu particularmente países como Itália, Espanha e França, estes têm necessidade de um apoio direcionado”, na opinião de Köhler-Geib.
De acordo com números divulgados na terça-feira, o BCE comprou entre finais de março e até 29 de maio, ao abrigo do PEPP, 37.365 milhões de euros de dívida pública de Itália, o que representa 21,6% do total, acima da sua quota de capital de 16,99%.
As compras de dívida pública de Espanha foram de 22.392 milhões de euros, as de França de 23.575 milhões de euros e as da Alemanha ascenderam a 46.749 milhões de euros.
As compras de dívida francesa representam 13,7%, abaixo da sua participação de 20,42%, as de dívida espanhola foram de 13% (quota de capital de 11,92%) e as de dívida alemã atingiram 27,1%, superando ligeiramente a quota de capital de 26,36%.
Na quinta-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, deverá também divulgar novas previsões macroeconómicas até 2022, com uma avaliação mais ampla da dimensão da crise.
Na semana passada, Lagarde tinha antecipado um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro entre 8% e 12% este ano, antes de uma recuperação cuja evolução é ainda incerta.
Depois de ter exortado muitas vezes os Estados a agirem, o BCE vê agora os países da União Europeia negociarem um ambicioso programa de relançamento de 750 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia.
A proposta apresentada na semana passada pela presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, prevê que, do montante global, a ser angariado pela própria Comissão nos mercados, 500 mil milhões sejam canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido, e os restantes 250 mil milhões como empréstimos.
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