“Ao resolver este problema, estamos simultaneamente a resolver parte substancial do crédito mal parado no sistema bancário português, e isso é uma boa contribuição, não só para resolver o problema da Caixa, mas também para diminuir um problema de natureza sistémica”, apontou António Costa, numa conferência de imprensa no final de uma cimeira de líderes da União Europeia.

O primeiro-ministro sublinhou que a autorização da capitalização “permitirá dotar a Caixa com o capital necessário para cumprir a sua função: ser um estabilizador do sistema financeiro, ser o banco de confiança das poupanças das famílias e ser um instrumento ao serviço da economia portuguesa”.

“Foi muito positivo, porque depois de muitos anos, de haver muitas dúvidas sobre se a Comissão aprovaria ou não uma capitalização 100% pública da CGD, esta aprovação hoje, por parte da Comissão, resolve definitivamente essas dúvidas e dá-nos confiança de que uma parte importante da questão do crédito mal parado do sistema bancário português fica resolvido, devidamente provisionado com o capital da CGD”, declarou.

A esse propósito, o chefe de Governo salientou que a questão do crédito mal parado era apontada no recente “relatório que a Comissão Europeia apresentou sobre os desequilíbrios (macroeconómicos) excessivos”, como “um dos três desequilíbrios mais relevantes” da economia portuguesa.

Questionado sobre os prejuízos da CGD, que terão rondado os 2 mil milhões de euros, António Costa destacou que “este valor não é o resultado do exercício de 2016, é o resultado de finalmente terem sido reconhecidas as imparidades que ao longo de anos foi acumulando, que, não estando reconhecidos como tal, não relatavam a verdade sobre a situação financeira da Caixa”.

“O reconhecimento da sua situação financeira é aliás um pressuposto do processo de capitalização. A autorização para que esta capitalização fosse feita sem que fosse considerada ajuda de Estado implicava que previamente se apurasse quais eram as necessidades efetivas de capital, em função do elevado nível de imparidades existente no banco”, referiu, reforçando que por isso era necessário levar a cabo esse “exercício de verdade”.