"A economia portuguesa deverá prosseguir uma trajetória de crescimento da atividade, embora em desaceleração, no horizonte 2018-21, em linha com as projeções para o mesmo período publicadas para o conjunto da área do euro pelo Banco Central Europeu (BCE). Projeta-se que o produto interno bruto (PIB) cresça 2,1% em 2018, 1,8% em 2019, 1,7% em 2020 e 1,6% em 2021". Em resumo, estes são os principais números avançados pelo Banco de Portugal no seu Boletim Económico de dezembro de 2018.

As previsões agora divulgadas para 2018 e 2019 revêem em baixa as estimativas de evolução do PIB avançadas pelo Banco de Portugal em junho e outubro devido, segundo se pode ler no comunicado, "a uma revisão em baixa do crescimento das exportações, que reflete a revisão das hipóteses relativas à evolução da procura externa e a incorporação da informação mais recente.

A previsão de abrandamento no crescimento da economia portuguesa deve-se sobretudo às exportações - ainda que, como é dito no documento, o enquadramento externo da economia portuguesa deva permanecer "relativamente estável". Mas tendo o comércio internacional crescido a um ritmo superior ao que se antecipava em 2017 e 2018, agora as previsões são que siga em linha com o PIB mundial, o que se traduz também na dinâmica da procura externa dirigida a Portugal entre 2019 e 2021. As projeções apontam para um crescimento das exportações de 3,6% em 2018, 3,7% em 2019, 4% em 2020 e 3,6% em 2021.

"O abrandamento do PIB no horizonte 2018-21 reflete, em larga medida, um contributo progressivamente menor das exportações em termos líquidos de conteúdos importados. O contributo da procura interna líquida de conteúdos importados para o crescimento do PIB também se deverá reduzir ligeiramente ao longo do horizonte de projeção".

A evolução da atividade económica condiciona igualmente a evolução do emprego. E, escreve o Banco de Portugal, "após um crescimento muito dinâmico em 2017, o emprego deverá retomar, em média, no horizonte de projeção, uma evolução mais em linha com a sua relação histórica com a atividade". Em termos práticos isto significa que a economia portuguesa continuará a suportar uma trajetória descendente da taxa de desemprego, mas mais moderada do que nos anos recentes. De acordo com este Boletim Económico, a taxa de desemprego deverá situar-se em 5,3% no final do horizonte de projeção.

As projeções para a inflação mantêm-se relativamente inalteradas relativamente às anteriormente publicadas. Os preços no consumidor deverão crescer 1,4% em 2018 e em 2019, 1,5% em 2020 e 1,6% em 2021, "traduzindo um quadro de algumas pressões inflacionistas internas originadas pelos custos salariais". Também aqui, o enquadramento externo está na origem dos principais fatores de risco e incerteza que rodeiam a atual projeção, afirma o Banco de Portugal.

Apesar de a uma desaceleração no crescimento, a base em que assenta a atual dinâmica da economia portuguesa, cujo início é fixado em 2013 pelos técnicos que elaboraram o Boletim do Banco de Portugal, é vista como mais sustentável. O banco central explica porquê: " durante o período de recuperação iniciado em 2013, observou-se uma recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) empresarial mais significativa do que as restantes componentes do investimento e um aumento do peso das exportações no PIB, com destaque para o aumento da relevância do turismo. As atuais projeções têm subjacente a continuação destas tendências, consistentes com um perfil de crescimento mais sustentável da economia portuguesa".

Esta fórmula de crescimento reforçou a exposição ao exterior, nomeadamente na zona euro. É isso que faz com que os principais desafios da economia portuguesa, nas palavras do Banco de Portugal, sejam também os desafios da área do euro e da União Europeia.  "A economia portuguesa continua ainda a enfrentar constrangimentos específicos ao crescimento no médio‐longo prazo. Apesar dos progressos dos últimos anos ao nível do funcionamento dos mercados e da redução do endividamento dos diversos setores da economia, estes fatores deverão continuar a condicionar a evolução do investimento e da produtividade".

Uma última nota no documento para o envelhecimento da população e para as migrações, respetivamente cara e coroa de uma mesma realidade que são as contribuições para a economia oriundas de quem trabalha. "O envelhecimento da população cria limitações ao contributo do fator trabalho para o crescimento, apesar de a evolução dos fluxos migratórios poder vir a compensar esta dinâmica negativa. Neste quadro, a aposta no capital humano afigura‐se essencial para promover o crescimento no longo prazo".

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