“Nigéria e Angola deverão crescer 2,9% e 1,3%, respetivamente, devido aos preços internacionais mais baixos e por causa das pressões que afetam a atividade petrolífera e não petrolífera”, escrevem os economistas do Banco Mundial no relatório Pulsar de África, divulgado hoje em Washington, nas vésperas dos Encontros Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que decorrem na próxima semana em Marraquexe.
“O aumento do conflito e da violência na região pesam na atividade económica, e esta crescente fragilidade pode ser exacerbada pelos choques climáticos”, acrescenta-se ainda no relatório, que prevê que a África do Sul, a economia mais industrializada da África subsaariana, cresça apenas 0,5% este ano.
Em abril, o Banco Mundial previa que a economia de Angola crescesse 2,6% este ano e estabilizasse à volta de 3,1% até 2025, depois de um crescimento de 1,1% em 2021, quando saiu da recessão, e de 3,5% no ano passado.
No relatório sobre África, o Banco Mundial antevê um abrandamento para 2,5% este ano da economia da região subsaariana, e alertou para o perigo de uma “década perdida”.
“A crescente instabilidade, o fraco crescimento nas maiores economias da região e a permanente incerteza na economia global estão a prejudicar as perspetivas de crescimento da região”, escrevem os economistas do Banco Mundial no relatório Pulsar de África.
“Em termos ‘per capita’, o crescimento na África subsaariana não aumentou desde 2015; na verdade, a região deverá contrair a uma taxa média anual per capita de 0,1% entre 2015 e 2025, potencialmente criando uma década perdida de crescimento, no seguimento da queda abrupta do preço das matérias-primas em 2014 e 2015”, acrescenta-se no documento divulgado bianualmente pelo Banco Mundial.
Para evitar esta década perdida, os economistas do maior banco multilateral de desenvolvimento defendem que a região deve “urgentemente atingir a estabilidade, aumentar o crescimento e criar empregos”, apontando várias reformas que podem ajudar nestes objetivos, a começar pela criação de empregos, encarada como fundamental para sustentar o desenvolvimento económico da região que engloba os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Moçambique.
Apesar do fraco crescimento económico e do desfasamento entre o crescimento da população e a criação de empregos, a região vai ver a inflação abrandar, passando de 9,3% no ano passado, para 7,3% este ano, com os orçamentos a serem mais equilibrados nos países africanos que estão a apostar em políticas macroeconómicas prudentes e coordenadas.
“Em 2023, a Comunidade da África Oriental deverá crescer 4,9%, enquanto a União Económica e Monetária da Oeste Africano (UEMOA, que integra a Guiné-Bissau) deverá crescer 5,1%, mas o sobre-endividamento [‘debt distress’, no original em inglês] continua generalizado, havendo, em junho, 21 países em alto risco de sobre-endividamento externo ou já em sobre-endividamento”, aponta-se ainda no relatório.
Comentários