“Apesar dos desafios económicos globais, mais países na África subsaariana viram melhorias no seu resultado global da Avaliação Institucional e das Políticas Nacionais (CPIA), em comparação com o ano anterior”, lê-se na avaliação institucional, relativa a 2022, dos países e das políticas, feita pelo Banco Mundial, a que a Lusa teve hoje acesso.
Na edição deste ano, feita pelo departamento de empréstimos concessionais do Banco Mundial para os países mais pobres, a Associação Internacional do Desenvolvimento (IDA), há doze países que melhoraram a avaliação.
Entre estes estão Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, com São Tomé e Príncipe a ser um dos oito países cuja classificação piorou, e 20 mantiveram o nível, num total de 39 países analisados na África subsaariana, numa escala de 1 a 6.
Angola e a Guiné Equatorial, os outros dois países africanos lusófonos, estão fora desta avaliação, já que não são considerados pelo Banco Mundial como países pobres, dado o nível de rendimento ‘per capita’.
A instituição recorre a quatro grandes linhas de avaliação (gestão económica, políticas estruturais, políticas para a inclusão social e equidade, e gestão do setor público e instituições) e 16 critérios.
O relatório anual da IDA “captura a qualidade das disposições institucionais e de políticas de cada país, focando-se nos elementos controlados por um país, e não por resultados influenciados por elementos externos”, o que faz com que o resultado final “avalie se o crescimento sustentável e a redução da pobreza podem ser sustentados através das disposições institucionais e de políticas em vigor”.
Como o resultado “representa a capacidade para uma utilização efetiva da ajuda ao desenvolvimento, é um dos principais fatores que determina a alocação de financiamento para o desenvolvimento por parte da IDA”, explica-se ainda no relatório, que dá uma média de 3,1 pontos aos 39 países mais pobres da África subsaariana, igual à do ano passado.
A inflação e a dívida foram duas das crises apontadas pelos economistas do Banco Mundial como das mais importantes em 2022, com a subida dos preços a duplicar face ao ano anterior, no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro.
“A inflação na África subsaariana acelerou de 4,5% em 2021 para 9,2% em 2022, e 40% dos países na região registavam subidas de dois dígitos no final do ano”, aponta-se no documento, que nota que apesar do abrandamento da subida dos preços no final do ano passado, as taxas continuam elevadas e acima das metas definidas pelos bancos centrais.
Relativamente ao financiamento internacional, a IDA salienta que houve uma redução, o que originou uma margem ainda mais estreita para os governos atenderem à despesa pública, nomeadamente no lançamento de programas de ajuda à população mais desfavorecida, agravando um problema de sobre-endividamento que já se vinha a registar nos últimos anos.
“Esta dívida elevada traduz-se numa redução do espaço orçamental para outras prioridades da despesa, obrigando a direcionar a despesa pública para investimentos com resultados abrangentes e multiplicadores do emprego”, conclui o Banco Mundial.
Comentários