Vítor Constâncio falava hoje no congresso anual da Ordem dos Economistas, intitulado “Portugal e os desafios do presente: o papel dos economistas e gestores”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
“Após terem restabelecido a credibilidade, trazendo nesta fase a inflação para perto de 2%, os bancos centrais terão de repensar a meta de inflação e adotar uma meta mais alta para a inflação, perto de 3%”, disse.
O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) e ex-vice governador do Banco Central Europeu (BCE) argumentou que a manutenção da meta de 2% pode induzir um enviesamento restritivo permanente à política monetária, o que prejudicará o crescimento.
Na visão de Vítor Constâncio, a meta de 3% iria, assim, evitar que os períodos recessivos empurrassem a inflação para baixo e as taxas de juro para o limite inferior de zero, bem como iria permitir um maior espaço para a política monetária reduzir as taxas de juro nestes períodos.
O antigo governador considera ainda “praticamente inevitável que se verifique uma ligeira recessão” quer na zona euro, quer mais tarde nos Estados Unidos.
A justificar a previsão para a zona euro estão nomeadamente uma inversão da curva dos juros, o aperto da concessão de crédito pela banca, os valores do índice PMI e a queda em vários países dos preços dos imóveis residenciais e comerciais, ao mesmo tempo em que a atividade de construção está em declínio há 12 meses.
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