De acordo com fonte do BCP, esta proposta foi aprovada com 99,47% de votos favoráveis na reunião magna, que decorre nos edifícios do banco no Taguspark, em Oeiras, contando com cerca de 63% do capital social total presente.

Porém, a medida gerou a contestação da Comissão de Trabalhadores (CT), que marcou presença à entrada da assembleia-geral.

Cristina Miranda, da CT do BCP, disse à agência Lusa que este pagamento extraordinário “gera alguma aflição” aos funcionários.

“Os trabalhadores tiveram cortes nos salários, que ainda não foram devolvidos. Em vez disso, o banco está, prioritariamente, a pagar aos administradores”, criticou, lembrando que os funcionários tiveram, durante três anos (entre 2014 a 2017), uma média de cortes salariais de 6%, dadas as variações entre 3% e 11% consoante o salário base.

Outros membros da CT presentes na ocasião, que preferiram não ser identificados pelo “clima de pressão e de medo” que o banco atravessa, apontaram que a empresa “foi reestruturada e está frágil”, mas, mesmo assim, os acionistas optaram por “aplicar a almofada existente para pagar mais à administração”.

Além disso, “dizem-nos que não há dinheiro para rever a tabela salarial, que não é atualizada desde 2010, mas há dinheiro para fazer esta distribuição” pelos administradores, lamentaram.

O BCP tem como principal acionista o grupo chinês Fosun, com 27,06% do capital social, sendo a petrolífera angolana Sonangol o segundo maior acionista, com 19,49%, segundo a página do banco na Internet. Já o Grupo EDP tinha 2,11% do capital social.

Em conjunto, estes três acionistas, que levam à assembleia-geral a proposta dos novos membros do Conselho de Administração, têm mais de 48% dos direitos de voto.

Ainda segundo informações divulgadas ao mercado, em fevereiro, o fundo de investimento norte-americano BlackRock tinha 2,73% do BCP e o Norges Bank 1,76%.