Os números foram divulgados na apresentação de resultados do banco (lucros de 183 milhões de euros), e 4.483 milhões de euros dizem respeito a empresas (menos 306 milhões que no início) e 4.085 milhões a famílias (menos 290 milhões).

Questionado acerca do total de contratos abrangidos, o presidente executivo do banco, Miguel Maya, esclareceu que há 101.786 referentes a particulares e 23.420 a empresas.

Segundo o banco, o crédito hipotecário “representa 90% das moratórias às famílias (3.700 milhões de euros)”, e das moratórias ativas “93% corresponde a crédito ‘performing'”, o que significa que o banco não vislumbra sinais de incumprimento.

O BCP refere também que 68% do total do crédito em moratórias ativas está coberto por hipotecas, das quais 47% hipotecas residenciais e 21% comerciais.

Em termos de linhas de crédito, o BCP registou 18.115 operações, correspondentes a 2.287 milhões de euros em 2020.

Sobre as moratórias, Miguel Maya afirmou aos jornalistas que “importa perceber, na estrutura da economia portuguesa, que há setores que já recuperaram, claramente já acima de 2019, e há setores que estão muito abaixo do ano de 2019 e ainda sem poder abrir a porta ao público”.

“A solução que visamos para a frente é que as soluções que sejam tomadas – já não temos de tomar uma decisão de forma tão alargada como no momento inicial em que estava tudo parado – agora há que dirigir os apoios de uma forma muito seletiva, e é isso que esperamos do Estado”, disse o presidente executivo do BCP.

O responsável afirmou que “da parte da banca, o BCP tudo fará para continuar a dar esse apoio e prolongar até onde puder prolongar e como puder prolongar, naturalmente, desde que haja enquadramento regulatório para tal”.

Miguel Maya frisou que “o importante é dar tempo a quem precisa de tempo e que é economicamente viável, e não arrastar situações que não são economicamente viáveis, e portanto o melhor é tratar as coisas com frontalidade já e não deixar passar o tempo, e é isso que o BCP está a fazer”.

No dia 9 de fevereiro, o presidente executivo do BCP já tinha defendido a prorrogação das moratórias de crédito para as empresas e para os trabalhadores do setor do turismo, que terminam em 30 de setembro.

“O BCP continuará a ser um defensor da prorrogação das moratórias para o setor do turismo enquanto a situação da pandemia não estiver controlada, não só para as empresas como também para os trabalhadores do setor”, afirmou então Miguel Maya, numa intervenção gravada no ‘webinar’ “O Estado do Turismo”, promovido pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), sublinhando que “há que tratar de forma diferente o que não é igual”.

BCP vai continuar a reduzir pessoal em 2021

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse hoje que o banco irá continuar a reduzir o seu número de funcionários em 2021 "de forma correta e transparente", depois de ter perdido 191 trabalhadores em Portugal em 2020.

"Não o fizemos de uma forma muito intensa ao longo de 2020, mesmo assim reduzimos o quadro do banco em 191 pessoas, e vamos continuar a fazer de uma forma correta, transparente, falando com as pessoas, colocando-nos sempre do outro lado da mesa, porque temos uma clara consciência dos custos sociais", disse Miguel Maya na conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco (lucros de 183 milhões de euros), que decorreu de forma remota.

O gestor disse que em 2020 o banco "teve uma estratégia diferente daquela que seria a estratégia normal" em termos de redução de pessoal, devido às circunstâncias de incerteza associadas à pandemia de covid-19.

"A gestão dos custos continuará a ser um tema de grande intensidade por parte da gestão do banco", disse Miguel Maya, frisando que o banco registou 131 admissões para novas áreas, como "novas tecnologias, 'mobile', áreas de defesa do banco".

No entender do gestor, é necessária "uma reengenharia para adaptar o banco aos desafios futuros", pelo que é necessária "plasticidade" e "capacidade de 'encolher aqui' e de 'esticar ali'".

O BCP terminou o ano de 2020 com menos 191 trabalhadores e 27 agências na sua atividade em Portugal, depois de ter sido o único banco a aumentar o número de funcionários em 2019, foi hoje divulgado.

De acordo com o comunicado acerca da apresentação de resultados, o BCP contava, em 31 de dezembro de 2020, com 7.013 trabalhadores, menos 191 que os 7.204 com que fechou 2019.

Em 2020 fecharam 27 agências do BCP em território nacional, já que o número de sucursais passou de 505 para 478.

Em 2019, o BCP tinha fechado o ano com mais 109 trabalhadores em Portugal do que em 2018, mas no mesmo período fechou 41 sucursais no país.

BCP só admite discutir dividendos em setembro

Miguel Maya disse hoje que o seu banco só admite voltar a discutir a distribuição de dividendos em setembro, após fazer uma avaliação das contas do primeiro semestre de 2021.

"O banco não vai reavaliar o tema do dividendo relativamente ao exercício de 2020 nunca antes de setembro deste ano", disse hoje Miguel Maya aos jornalistas, acrescentando que o banco vai fazer "um 'assessment' [uma avaliação] da situação do banco, do capital, dos riscos" depois do primeiro semestre.

Referiu ainda que "a primeira prioridade é a proteção do balanço do banco", numa altura em que se continua "a viver uma crise sanitária que não está ainda completamente definida, no alcance e profundidade".

"A nossa política, enquanto Comissão Executiva e tendo o suporte do Conselho de Administração, é em momentos de grande incerteza, proteção, reforço", referiu.

"Por isso, relativamente ao exercício de 2019, logo no primeiro trimestre, nós, da leitura que fizemos da abrangência dos riscos e da profundidade dos riscos, antes de qualquer recomendação do Banco Central Europeu, nós dissemos que não íamos fazer", apontou.

Os acionistas do BCP aprovaram em 20 de maio, em assembleia-geral, todos os pontos em votação, incluindo a retoma da distribuição de dividendos para quando ultrapassada a pandemia covid-19.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP refere ter sido aprovada a proposta de aplicação dos resultados do exercício de 2019.

Em cima da mesa estava uma proposta de pagamento da compensação salarial aos trabalhadores (no valor total 5,281 milhões de euros), para compensação parcial dos cortes que sofreram entre junho de 2014 e junho de 2017, mas não haverá distribuição de dividendos, tal como já tinha sido anunciado.

Sobre os dividendos, a proposta do banco liderado por Miguel Maya assinalava que “os potenciais impactos e incertezas associadas à atual situação da pandemia” aconselham “extrema prudência na aplicação dos resultados” justificando a “não distribuição de dividendos relativos ao exercício de 2019”.

A proposta do Conselho de Administração reitera a intenção de, uma vez ultrapassada a crise e na medida em que o banco e a economia inicie a sua recuperação, “retomar a plena aplicação da política de dividendos” aprovada.