Boeing e Embraer estão em conversações "em relação a uma potencial combinação dos seus negócios", indica um comunicado conjunto emitido esta quinta-feira em São Paulo e Chicago, respetivamente cidades que acolhem as sedes das duas companhias aeronáuticas. O comunicado conjunto destaca, contudo, que "não há garantia de que qualquer transação resultará destas discussões".

As primeiras informações sobre a possível aliança entre a Boeing e a Embraer fizeram disparar os preços das ações da brasileira na Bovespa, com valores que chegaram a uma valorização de 30% durante a sessão, fechando com um avanço de 22,5%.

Tudo isto num cenário de incerteza assumida no próprio comunicado. "Qualquer transação estará sujeita à aprovação do Governo Brasileiro e dos órgãos reguladores, dos conselhos de administração das duas companhias e dos acionistas da Embraer".

Mas isso não impediu os mercados de se agitarem após o Wall Street Journal ter avançado com a notícia que a Boeing teria feito uma oferta de alto valor para adquirir as ações da Embraer, e que as duas partes aguardariam a aprovação do governo brasileiro, que tem uma golden share, com poder de veto.

E, politicamente, a situação está longe de ser óbvia. Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente Michel Temer disse que "Embraer jamais será vendida" no seu mandato e o Sindicato dos Metalúrgicos veio já repudiar o projeto.

"A Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e tem vindo a adotar  uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país", indicou o sindicato.

"A Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro. Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, renacionalize a Embraer como forma de preservar e retomar este património nacional", acrescentaram os representantes dos trabalhadores.

Boeing-Embraer versus Airbus-Bombardier? 

Olhando para o atual xadrez do mercado aeronáutico, esta possível aliança pode ser interpretada como uma resposta da Boeing à sua principal concorrente, a Airbus, reforçando com a Embraer a sua posição no mercado de aviões de médio alcance.

Essas negociações seriam, assim, uma resposta à aproximação entre a Airbus e a canadiana Bombardier, que disputa setores de mercado semelhantes aos da Embraer.

A Embraer foi criada pelo governo em 1969 e privatizada em 1994. Atualmente, é líder no segmento de aparelhos de até 150 assentos, com 30% do mercado. Entrega anualmente cerca de 200 aviões, entre jatos comerciais e executivos.

Também tem um setor de defesa, com modelos como o A-29 Super Tucano, para missões de ataque e treinamento avançado, e o KC-390, de transporte militar.

O seu valor de mercado, até então, era estimado em cerca de 3,7 mil milhões de dólares.

Nos primeiros nove meses de 2017, o lucro líquido da Embraer foi de 4,106 mil milhões de dólares - quase idênticos aos 4,189 mil milhões no mesmo período de 2016.  No mesmo período, tinha entregado 78 aeronaves comericias e 59 executivas.

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