Bruno de Carvalho repetiu este ano a presença na Web Summit. Para falar dos problemas do futebol a nível mundial e não deste “espaço pequenino que é o nosso Portugal lindo”, conforme afirmou aos jornalistas portugueses após a sua conversa com o jornalista Rob Harris (AP) no palco do SportsTrade.
E o futebol é uma “indústria que vale 33 mil milhões de dólares”, adiantou. “Ao nível da indústria de Hollywood. É muito maior que todos os outros desportos juntos e vale mais do que os desportos milionários dos Estados Unidos da América”, enumerou.
Face aos números apresentados disse “não acreditar que uma indústria dessa dimensão tenha a capacidade de resolver através das Ligas ou Federações os problemas como a propriedade de clubes e de jogadores”, alertou. “Temos que falar em leis, transparência e integridade do jogo. Falar sobre cruzamento de dados e Financial Fair Play“, sublinhou o presidente do Sporting Clube de Portugal.
Continuando com os números reforçou que o “mercado com 15 milhões de postos de trabalho” tem que ser olhado de forma diferente pelos governos nacionais. Face à dimensão de mercado trabalho e a nível financeiro, Bruno de Carvalho reforçou por isso que os “governos têm que intervir na regulamentação do futebol”. Um passo que “continua a falhar e temos que alterar”, frisou respondendo a questões dos jornalistas.
Durante a apresentação durante a maior conferência de tecnologia que decorre em Lisboa até dia 9 de novembro e onde foi apresentado como o Donald Trump do futebol (respondeu, a propósito, não ser louro e ter uma mulher mais bonita que a primeira dama americana), a tónica da mão governamental no futebol foi um dos temas que trouxe para a sua apresentação.
Bruno de Carvalho referiu-se, então, ao dinheiro gerado pelos empresários (comissões de venda e compra) e à sua influência junto dos jogadores na altura de assinarem contratos e à mudança do modo de operar dos Fundos de Investimento (Third Part Owernship), fundos entretanto proibidos de deter os “passes” dos jogadores, mas que mudaram hoje “compram clubes”.
“Quem põe a mão? As Ligas? Não, terá que ser os governos a regular os agentes, intermediários, os donos dos clubes e ver se ambos não estão a fazer nada contra a integridade”, respondeu o presidente leonino.
Recordando que esta tem sido uma das suas lutas, alertou que os governos “estão a fugir” destes temas. Apresentando dados em que “44 clubes das 5 principais Ligas são donos de alguém” e que nesses “há 18 nacionalidades diferentes” e alertando que “19% dos clubes não têm as contas públicas”, Bruno de Carvalho deixa um alerta: “Há um buraco negro no futebol” que tem, por isso, ser analisado.
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