A Comissão Europeia solicitou hoje ao Governo português que apresente uma versão atualizada do projeto orçamental para 2020 “tão cedo quanto possível”, observando que o esboço recebido na semana passada aponta para o risco de um desvio das metas fixadas.
“A Comissão Europeia faz sempre este seu pequeno número. Começa uma legislatura ou vai-se debater um Orçamento do Estado e a Comissão Europeia diz que Portugal não pode investir ou que Portugal não pode recuperar salários e pensões porque será desastroso para a economia”, condenou a líder do BE, Catarina Martins, à saída de uma reunião com o Livre, no parlamento, em Lisboa.
A chantagem da União Europeia “é conhecida” e “é repetida a cada legislatura, é repetida a cada ano”, apontou Catarina Martins.
“E o que é que nós aprendemos ao longo dos últimos quatro anos? É que a Comissão Europeia não tem razão e que a única forma de recuperar a economia do país é, em vez de acatar as instruções da Comissão Europeia que vê Portugal como um país de depósito de mão de obra barata para a Europa, fazer o contrário”, defendeu.
O BE, segundo a sua líder, “aqui estará com toda a disposição para negociar um Orçamento do Estado que recupere salários, pensões, investimento público”, deixando claro que não tem “nenhuma disponibilidade para aceitar a chantagem da Comissão Europeia”, tal como não teve no passado.
“O que define o que vai acontecer é a capacidade do nosso país e deste parlamento aprovar um Orçamento do Estado que fragiliza a economia como quer a Comissão Europeia ou se, pelo contrário, há a capacidade de não aceitar que Portugal seja sempre o país da mão de obra barata e sem investimento e, pelo contrário, termos um caminho que recupere salários, que recupere pensões, que tenha o investimento necessário”, antecipou.
Para a coordenadora bloquista, a legislatura que agora termina provou que “quando se recupera salário e pensão a economia fica mais forte, a economia fica melhor”.
Sobre uma nova reunião com o PS, Catarina Martins disse que “ainda não” há uma nova data e questionada sobre o novo executivo, reiterou o que já tinha dito na reunião da Mesa Nacional de sábado, defendendo que “o que vai definir o Governo são as políticas”.
“Há uma continuidade. Resta saber é para fazer o quê. Nós aqui estaremos para um trabalho que possa ser feito de convergência à esquerda”, sublinhou.
Em relação ao novo Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, liderado por Alexandra Leitão, Catarina Martins, tal como já tinha avançado em entrevista ao Expresso neste fim-de-semana, registou a escolha de alguém que “quando estava na educação não foi capaz de negociar com os professores as suas carreiras”.
“Espero que essa incapacidade não se venha a traduzir numa incapacidade de diálogo com as várias áreas de administração e, pelo contrário, se queira agora dialogar com as várias profissões”, afirmou.
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