Falando na celebração do 20.º aniversário da criação do euro, que decorreu no âmbito da sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, Mário Centeno sublinhou que “muito foi alcançado” nestes anos, mas vincou ser “necessário mais para assegurar que a zona euro está bem preparada para lidar com futuras crises”.
O também governante português assinalou que “nem sempre estes últimos 20 anos foram fáceis”, já que “a crise financeira e da dívida soberana colocou a moeda única à prova”.
“Insuficiências na criação da União Económica e Monetária vieram à tona”, admitiu, referindo que, apesar disso, “a moeda única emergiu mais forte da crise devido às fortes políticas nacionais e às importantes melhorias no quadro institucional da zona euro”.
Por isso, “a zona euro beneficia agora de uma expansão económica generalizada”, apontou.
Ainda assim, apesar das “perspetivas positivas”, Mário Centeno antecipou “riscos” de abrandamento do crescimento.
Defendeu, assim, uma reforma da moeda única: “Acredito que este projeto pode, com o tempo, percorrer um longo caminho para tornar o euro estável e inclusivo”.
Em causa estão medidas como um sistema europeu de seguro de depósitos e de resolução bancária na zona euro.
“Passo a passo, estamos a aumentar a resiliência e o bom funcionamento da União Monetária”, concluiu.
Usado por 340 milhões de europeus em 19 Estados-membros, o euro foi criado em 01 de janeiro de 1999.
Na cerimónia de hoje, participou também o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, que vincou que “a crise evidenciou que a criação do euro nao está completa”.
“É fundamental concluirmos o que começámos a construir. [...] Não podemos ficar a meio-caminho porque corremos o risco de sermos abalados por uma nova crise”, acrescentou, aludindo ao abrandamento do crescimento e da produção industrial.
Observando que, passados 20 anos, “nem todos estão convencidos” relativamente à moeda única, nomeadamente no Parlamento Europeu, Antonio Tajani frisou que o Euro “não pode ser um fim”, mas sim “um instrumento de economia social e de mercado”.
Pedindo que o dia de hoje “não seja de mera celebração”, solicitou aos líderes europeus que “assumam de imediato as suas responsabilidades”, desde logo através da criação de um orçamento “adequado” às exigências dos Estados-membros.
Por seu lado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, comentou ironicamente que a comemoração de hoje “é surpreendente”, pois muitos diziam que era “uma aventura” impossível, que deixaria a União Europeia “à beira do abismo”.
“Lembrem-se que quando lançámos o processo que nos conduziu à moeda única, tomaram-nos por loucos. Hoje já não os ouvimos tanto”, declarou Juncker, que também presidiu ao Eurogrupo, no auge da crise económica e financeira.
Recuando até esses tempos da crise, admitiu que “houve austeridade irrefletida”, lamentou que se tenha “dado demasiada importância à influência do Fundo Monetário Internacional”, e reconheceu designadamente a dureza que foi infligida à Grécia.
“Regozijo-me com o facto de ver a Grécia e Portugal terem redescoberto, não digo um lugar ao sol, mas um lugar entre as antigas democracias europeias”, declarou.
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