"Ontem foi a vez de António Costa [dizer que] nisto da Caixa é a oposição que quer criar polémicas. Que lata! Quem é que em fevereiro disse que havia um buraco de 1.800 milhões de euros na Caixa? O Governo!", afirmou o deputado do PSD António Leitão Amaro hoje no parlamento.

O social-democrata respondia assim às críticas do primeiro-ministro, António Costa, que em entrevista à agência Lusa na quinta-feira, acusou o PSD de "inventar" polémicas para impedir a capitalização da CGD.

António Leitão Amaro fez depois várias questões sobre o banco para concluir que o responsável foi sempre o Governo: "Quem criou uma lei à medida? Quem disse que a recapitalização da CGD era urgente mas já lá vai um ano? Quem é que prometeu e atrasou? Quem pôs o vice-presidente de um banco concorrente a representar o Estado português a tratar da sua administração? A receber informação privilegiada? Quem é que criou estas polémicas?", perguntou.

"É uma indignidade o que os senhores estão a fazer à Caixa. Querem que perante as vossas asneiras, a comunicação social, a oposição e o país se calem. É tempo de por fim a esta indignidade e é tempo de António Costa deixar de se esconder", acusou o deputado do PSD.

De seguida, o deputado do CDS-PP João Almeida questionou por que é que o Governo remeteu a recapitalização do banco para 2017: "Se a Comissão Europeia acolheu as propostas do Governo, está disponível para a recapitalização e isso não vai ao défice, então por que é que não se faz?", perguntou.

"Ao Governo é que interessa toda esta polémica que se tem gerado", disse o deputado democrata-cristão, responsabilizando o executivo pelo "ruído das remunerações acima do aceitável, o ruído da falta de transparência".

Dessa forma, João Almeida exigiu que, "de uma vez por todas, se arrumem estes assuntos para discutir o que o Governo disse que era inadiável".

Por sua vez, o deputado do PS João Galamba e a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua optaram por criticar PSD e CDS-PP por "não se preocuparem" com os salários, por exemplo, de Fernando Pinto, que ganhava cerca de 30 mil euros por mês na TAP, "uma empresa pública com prejuízo", ou de Stock da Cunha, a gerir um "banco de transição”, o Novo Banco, por 25 mil euros.

Depois destas intervenções, a resposta do secretário de Estado Adjunto, Finanças e Tesouro, Ricardo Mourinho Félix, levou a protestos das bancadas da oposição, que durante alguns minutos, impediram o governante de falar.

"Aquilo que é dito aqui hoje é caso para dizer que o populismo chegou à cidade. O deputado Leitão Amaro, com a sua intervenção, revela uma de duas coisas: ou um profundo desconhecimento do funcionamento do RGIC [Regime Geral das Instituições de Crédito] ou uma disfunção cognitiva temporária", disse Mourinho Félix.

Com estas palavras, o secretário de Estado foi imediatamente interrompido pelos deputados do PSD, que exigiram um pedido de desculpa, naquilo a que o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, qualificou como "um boicote a uma intervenção" no "parlamento democrático".