Num relatório, o Banco Mundial (BM) reviu em baixa a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

Devido à desaceleração da economia da China, a entidade reduziu também as previsões de crescimento para a região da Ásia – Pacífico, para 3,2%. Porém, excluindo a China (o relatório inclui Leste Asiático, Sudeste Asiático e as ilhas do Pacífico), a região deve crescer 5,3%.

Os principais indicadores económicos da China apontavam para um bom ano. Em março passado, as autoridades estabeleceram uma meta de crescimento de 5,5% para 2022, acima das expectativas de muitos analistas.

Mas, no segundo trimestre, o isolamento de Xangai, a “capital” financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, tiveram forte impacto nos setores serviços, manufatureiro e logístico.

O exemplo mais destacado é a evolução do PIB chinês, que passou de um crescimento homólogo de 4,8%, no primeiro trimestre, para apenas 0,4%, no segundo. A comparação trimestral revelou uma contração de 2,6%.

Outros indicadores de grande importância para a economia chinesa também foram afetados, como o que mede a produção industrial (-2,9%), ou atividade da indústria manufatureira, que sofreu contrações em cinco dos últimos seis meses.

Outro fator citado pelo relatório do Banco Mundial é a “fraqueza” do setor imobiliário, cada vez mais asfixiado desde 2020 devido às limitações impostas por Pequim a muitas construtoras no acesso ao crédito.

Segundo dados da consultora CRIC, as vendas das 100 principais imobiliárias do país caíram 32,9%, em termos homólogos, em agosto.

A agência de ‘rating’ Moody’s prevê que a procura continue a cair ao longo dos próximos 12 meses.

O abrandamento da economia chinesa gerou novos protagonistas na região, como o Vietname, que deverá crescer 7,2% em 2022, segundo o Banco Mundial. A Indonésia surge também em destaque, com o PIB a subir 5,1%.

“A maior fonte de crescimento na região foi o levantamento das restrições impostas para combater a pandemia da covid-19”, disse Aaditaya Mattoo, economista-chefe do Banco Mundial para o Leste Asiático e o Pacífico, no relatório.

A variante Ómicron da covid-19 obrigou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, apesar dos crescentes custos económicos e sociais.