Referindo-se ao impacto da covid-19 nos sistemas de pagamento, o Banco de Portugal (BdP) adiantou que, entre 19 de março e 20 de abril de 2020, o montante de compras com cartão reduziu-se em 46% face ao valor que seria previsto numa situação de normalidade, sem pandemia, numa média de menos 56 milhões de euros por dia.
O gráfico divulgado pelo Banco de Portugal indica que, nos dias anteriores ao encerramento das escolas, entre 11 e 13 de março, houve mesmo um aumento das compras, o que estará relacionado com os consumidores estarem a abastecer a despensa face à perspetiva de quarentena.
Já no período seguinte analisado, entre 15 de março e 20 de abril, há uma queda significativa nas compras, sendo o domingo de Páscoa (12 de abril) aquele em que houve maior quebra de compras com cartão face ao previsto, de cerca de 75%.
Também nos levantamentos com cartão houve uma queda significativa.
Entre 19 de março e 20 de abril de 2020, o montante dos levantamentos com cartão reduziu-se em 46% face ao que seria previsto, numa média de menos 34 milhões de euros por dia.
Já quanto às compras e levantamentos por estrangeiros, o Banco de Portugal estimou uma queda significativa nesses indicadores em março (ainda não há dados de abril divulgados), face ao mesmo mês de 2019.
Segundo a informação, em março, foi estimado que tenham sido gastos menos 182 milhões de euros em compras e efetuados menos 34 milhões de euros de levantamentos de numerário por cidadãos estrangeiros.
Estes dados correspondem a uma quebra nas compras por estrangeiros de 44,5% em março e uma queda de 29,1% nos levantamentos, face ao mesmo mês de 2019.
Por setores de atividade, a generalidade dos setores sofreu em março com as consequências da situação criada pela epidemia de covid-19, com queda significativa das compras.
O setor mais prejudicado em termos absolutos foi o da restauração, com uma redução das compras de 229 milhões de euros face ao período homólogo de 2019, segundo o Banco de Portugal. Já a percentagem de queda foi de 55%.
Já o setor do alojamento registou uma quebra de 56%, mas o Banco de Portugal não indica o valor absoluto, sabendo-se apenas que é menor do que o da restauração.
Quanto aos outros setores, a quebra das compras foi de 39% na administração pública, 38% na saúde, 33% na educação, 28% nos produtos petrolíferos, 23% nas atividades postais, 21% nos veículos automóveis e motociclos e 7% no comércio por grosso.
A contrariar a tendência esteve o setor de comércio a retalho (onde se incluem supermercados e hipermercados), o único a registar uma variação homóloga positiva, ainda que ligeira, de cerca de 0,1%.
Refira-se, contudo, que no mês de março ainda não se sentiu completamente o impacto da covid-19, sendo que até quase meio do mês se manteve a normalidade da atividade económica.
Ainda em março, as compras com cartão com recurso à tecnologia ‘contactless’ cresceram 115%, ainda assim abaixo de fevereiro, quando aumentaram 143%, face ao mesmo período de 2019.
Já as compras ‘online’ com cartão cresceram 18% em março, mas “a um ritmo inferior ao verificado nos meses anteriores”, segundo o Banco de Portugal, enquanto as compras com cartão no estrangeiro registaram queda pela primeira vez, ao reduzirem-se 16% em março.
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