“Estamos a preparar tudo para que, quando existir o sentimento de conforto relativamente ao controlo da pandemia, possamos estar em condições de arrancar imediatamente”, declara à agência Lusa Eduardo Jesus, questionado sobre as previsões da reabertura daquele que é o Melhor Destino Insular do Mundo, assim indicado nos World Travel Awards.
O turismo é um dos principais setores da atividade económica madeirense, mas a pandemia mudou completamente o cenário da região: deixou de haver turistas a passear, os poucos passageiros que chegam por avião têm de ficar em isolamento e o porto do Funchal e os hotéis estão fechados, o mesmo acontecendo com todas as atividades relacionadas. Os residentes estão na maioria confinados nas suas casas e as ruas estão quase desertas.
Todos os programas do cartaz turístico programados entre a primavera e o verão, como a Festa da Flor, os arraiais (festas populares) e os eventos musicais foram adiados ou cancelados.
Em 2019, a Madeira registou nos meses de verão (entre julho e setembro) uma taxa média de ocupação hoteleira na ordem dos 67%, com um total de 153.919 hóspedes em julho, 168.605 e agosto e 149.738 em setembro. O mercado nacional representou cerca de 25% dos visitantes.
Atualmente, com o setor parado, o turismo tem registado, segundo o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, uma perda de receitas de 112 milhões de euros por mês.
Já em 12 de março, antes da declaração do estado de emergência, o presidente da Mesa de Turismo da Associação Comercial e Industrial do Algarve, António Jardim Fernandes, disse que o setor estava a sofrer de “forma severa” as consequências da pandemia de covid-19, com quebras na ordem dos 40%.
Agora, o secretário regional do Turismo sublinha que “a abertura do destino acontecerá quando for retomada a confiança dos que viajam e de quem os recebe”, sublinhando que “tem de haver um compromisso das duas partes: do destino, mas também, e acima de tudo, da origem”.
Na prática, “vai ser uma abertura diferente, em função das capacidades instaladas” e de forma “gradual”, porque o objetivo é que “seja consistente”.
“A confiança há de ser estabelecida, através da adoção de um conjunto alargado de procedimentos que têm a ver com medidas que estabilizem os níveis de confiança em toda a linha, desde os transportes aéreos até ao alojamento turístico, passando igualmente por outras componentes do setor como a infraestrutura aeroportuária e a animação turística”, refere o governante.
O executivo madeirense tem estado a trabalhar para apoiar o setor, que vai beneficiar também de uma linha de 100 milhões de euros.
Eduardo Jesus assegura que o Governo Regional “está a trabalhar” e já esteve reunido com o setor hoteleiro.
“Há muito que a promoção do destino Madeira está a ser adequada à nova realidade”, com campanhas promovidas pela Associação de Promoção da Madeira (APM), que passam a mensagem “Fique em casa” por agora, mas fazem as pessoas sonhar com a região, “mantendo o destino Madeira na mente dos que estão confinadas às suas casas”.
Ainda assim, sublinha, há “noção de que as coisas têm de mudar” e de que “tão cedo nada será como antes”, porque há a “necessidade de utilização de máscaras e a prática de comportamentos de segurança”, uma novidade que tem de “ser incorporada e admitida como normal”. Este, é, por isso, “um exercício no campo da atitude e do comportamento”.
Na reabertura do destino, “numa primeira linha, surge o mercado nacional, pela proximidade e maior confiança” e porque “será aquele que melhor vai corresponder ao apelo”. Esta captação passa por “uma série de operações que já estavam consolidadas para o verão deste ano, mas terão de ser alteradas, aguardando-se o momento adequado para que assim aconteça”.
“E, depois, vamos ver como estão os nossos mercados tradicionais, porque temos a noção da sua importância”, refere o secretário, sustentando que o objetivo principal é que “haja segurança nos mercados emissores para que os turistas possam viajar para a Madeira”.
Na segunda-feira, a Associação de Promoção da Madeira (APM) aprovou o lançamento de um processo de certificação de "boas práticas na gestão de riscos biológicos", numa tentativa de restituir a confiança aos turistas.
"Esta certificação terá uma abrangência às empresas do setor do turismo, como sejam hotéis, turismo rural e alojamento local, restaurantes, agências de viagens, animação turística e transporte de pessoas, rent-a-car e ainda escritórios ou outros estabelecimentos oficiais de turismo", referiu o organismo, acrescentando que “o projeto começa a ganhar forma ainda neste mês de abril e, no início de maio, está previsto um ‘webinar' [seminário ‘online'] dirigido aos associados, onde a APM irá apresentar o projeto, a forma de participação e ainda explicar como vai ser o processo de certificação".
O processo de certificação deverá começar em julho e terá capacidade para certificar entre 150 a 160 empresas por mês.
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